LINHA M - PATTI SMITH

   O livro tem fotos espalhadas pelos capítulos curtos. Fotos em preto e branco, bem comuns. Isso logo me lembrou os livros do Sebald. E Patti em certa altura fala do Sebald. Ela lê o alemão genial. Assim como lê ou leu Bronte, Paul Bowles, Nabokov, Genet, Camus, Plath, Harukami... e toma café. Baldes de café em cafeterias mundo afora.
  O livro fala de café. De bancos ao canto em cafeterias. De café bem tirado. Quente. Patti pensa. Ela está com 66 anos e bem só. Fred Sonic morreu faz 20 anos. Os filhos cresceram. Ela vive com gatos e livros. Ela escreve sobre Fred, sobre os livros que ama. E café.
  Viaja ao México. Vai pra Europa. Faz palestras. No Japão visita túmulos. Vai ao de Kurosawa e de Ozu. Limpa túmulos. Patti sente os espíritos. Mas não consegue sentir Fred, seu morto.
  Ela é doida por séries policiais na TV. Killing. CSI. E Dr. Who. Não se fala de música neste livro. Se fala do dia a dia, banal e irreal, de uma senhora que envelhece.
  Tanta coisa em comum entre eu e ela... o café, Kurosawa, Ozu, Sebald, os livros ( ok....50% dos livros ), a mania de tirar fotos de coisas que ninguém liga. E esse amor aos que partiram, aos ausentes, aos distantes.
  Ela diz que vivemos cercados de intrusos e que amamos aqueles que são os não presentes...
  É um livro de tardes de chuva.