Que mérito há em se escrever um livro "como a vida real?" Observar e escrever aquilo que voce vê. Isso é arte? Claro que não, isso é no máximo jornalismo, e normalmente é tola ingenuidade. Porque ao olhar e escrever a tal da realidade já se perdeu, filtrada que foi pela mente e sentimento de quem a olhou.
Nada fica velho mais depressa que um jornal. Nada ficou mais velho que o realismo. Zola é ilegível. Como é Gorki. Escrever sobre o aqui e agora é sempre uma burrada. Nada fica mais enfadonho após um ano que o aqui e agora. Daí a genial sacada de Wilde. É preciso mentir. Mentir muito.
Zola envelheceu e mofou. Balzac não. Porque Balzac tenta ser realista, mas seu espírito romântico aumenta tudo, e faz com que os personagens fiquem maiores que o mundo. Balzac cria e criar é mentir. Salve Balzac!
Ninguém na idade média se parecia com os rostos de Giotto. Nunca ninguém foi tão belo como uma estátua de Michelangelo. Nenhum grego se parecia com Hermes ou Apolo. Mas essa mentira guia a nossa realidade. E nasce outra sacada de Wilde: A vida imita a arte e não o contrário.
Tudo o que moldou e molda nossa vida é arte= mentira. O século XIX foi criado por Balzac e por Baudelaire. O século XX foi cria do cinema. Nos vestimos, seduzimos, roubamos, conversamos, comemos, amamos, nos casamos, como em filmes. Eles não copiaram nossa vida, eles nos inventaram. Até nosso sofrimento é como num filme.
Claro, um filme iraniano tenta ser real. Mas, segundo Wilde, ele não faz arte. É mero jornalismo. Sendo assim, não mudará nossa vida, apenas nos informará.
Um fato: ir à Europa e procurar a Europa. A Europa é uma mentira. Criação de séculos de artistas mentirosos. Se voce a olhar com os olhos treinados pela arte conseguirá perceber a tal Europa. Se voce olhar com os tristes olhos do realista verá apenas um monte de ruínas e gente banal.
Toda nossa história é uma mentira. As melhores filosofias, teses, são sonhos mentirosos. E são elas que fazem a vida valer a pena. Olhamos um bosque com os olhos do impressionismo. Ou como se fosse uma gravura japonesa. Olhamos uma mulher como se ela fosse modelo de Modigliani. Ou musa de Rafael. A mentira da arte mudou a vida e fez com que a víssemos como se essa arte fosse a verdade. Cem anos de expressionismo fez com que olhássemos as cidades como cacos de horror. Cem anos de cubismo fez com os rostos humanos se transformassem em máscaras. Não víamos o inferno das fábricas antes do expressionismo. Vemos esse inferno por causa do expressionismo.
Wilde ama os grandes mentirosos. Rabelais, Cervantes, Swift, os autores que mentem e que mentindo criam o mundo. Tenho certeza que Wilde adoraria Italo Calvino. E Murasaki. Borges. E deliraria com as mentiras doidas de James Bond, Star Wars e Matrix. Mentiras que infectaram o mundo e alimentaram o dia a dia do real.
Por fim, Wilde fala da mais mentirosa das artes: a música.
Mas isso é assunto pra logo mais...
Nada fica velho mais depressa que um jornal. Nada ficou mais velho que o realismo. Zola é ilegível. Como é Gorki. Escrever sobre o aqui e agora é sempre uma burrada. Nada fica mais enfadonho após um ano que o aqui e agora. Daí a genial sacada de Wilde. É preciso mentir. Mentir muito.
Zola envelheceu e mofou. Balzac não. Porque Balzac tenta ser realista, mas seu espírito romântico aumenta tudo, e faz com que os personagens fiquem maiores que o mundo. Balzac cria e criar é mentir. Salve Balzac!
Ninguém na idade média se parecia com os rostos de Giotto. Nunca ninguém foi tão belo como uma estátua de Michelangelo. Nenhum grego se parecia com Hermes ou Apolo. Mas essa mentira guia a nossa realidade. E nasce outra sacada de Wilde: A vida imita a arte e não o contrário.
Tudo o que moldou e molda nossa vida é arte= mentira. O século XIX foi criado por Balzac e por Baudelaire. O século XX foi cria do cinema. Nos vestimos, seduzimos, roubamos, conversamos, comemos, amamos, nos casamos, como em filmes. Eles não copiaram nossa vida, eles nos inventaram. Até nosso sofrimento é como num filme.
Claro, um filme iraniano tenta ser real. Mas, segundo Wilde, ele não faz arte. É mero jornalismo. Sendo assim, não mudará nossa vida, apenas nos informará.
Um fato: ir à Europa e procurar a Europa. A Europa é uma mentira. Criação de séculos de artistas mentirosos. Se voce a olhar com os olhos treinados pela arte conseguirá perceber a tal Europa. Se voce olhar com os tristes olhos do realista verá apenas um monte de ruínas e gente banal.
Toda nossa história é uma mentira. As melhores filosofias, teses, são sonhos mentirosos. E são elas que fazem a vida valer a pena. Olhamos um bosque com os olhos do impressionismo. Ou como se fosse uma gravura japonesa. Olhamos uma mulher como se ela fosse modelo de Modigliani. Ou musa de Rafael. A mentira da arte mudou a vida e fez com que a víssemos como se essa arte fosse a verdade. Cem anos de expressionismo fez com que olhássemos as cidades como cacos de horror. Cem anos de cubismo fez com os rostos humanos se transformassem em máscaras. Não víamos o inferno das fábricas antes do expressionismo. Vemos esse inferno por causa do expressionismo.
Wilde ama os grandes mentirosos. Rabelais, Cervantes, Swift, os autores que mentem e que mentindo criam o mundo. Tenho certeza que Wilde adoraria Italo Calvino. E Murasaki. Borges. E deliraria com as mentiras doidas de James Bond, Star Wars e Matrix. Mentiras que infectaram o mundo e alimentaram o dia a dia do real.
Por fim, Wilde fala da mais mentirosa das artes: a música.
Mas isso é assunto pra logo mais...