calligaris, mundo hoje e UMA BANDA DE ROCK

   Palestra na USP. Não falarei o nome, mas o cara sabe falar, o que já é um alivio. Voz alta e clara, raciocinio direto. Em dada hora ele fala de Cotardo Calligaris. Cita-o como exemplo da decadência do leitor de hoje. Se antes o jornal exibia Sabino, Lispector e Nelson, hoje seus cronistas são simples conselheiros sentimentais. Pastores leigos que dirigem as dores de leitores infantis. " Veja o que vejo, leia o que leio, pense como penso." Tudo com o brilhareco classe-média de frases como: "Estava eu em Nova Iorque", "Quando estive em Berlim"....
   Muito pior que seus pensamentos, à Revista Nova ou Programa da Hebe, é a paupérrima forma de escrever. As frases surgem aos trancos, quebradas, sem brilho, nada originais. Pensamentos rasos em frases áridas, é o pior dos mundos. O menos ruim seria Jabor ( em conteúdo ) e Marcelo Coelho ( em estilo ).
   Ele então nos dá para ler o que seriam os Caligaris de antes. Nada de conselhos sentimentais, nada de jeca exibição de "estilo de vida". Antes uma valorização da vida simples. Se fala de um café da manhã como se esse frugal café fosse a justificativa da vida intima. Se recorda um dia como se esse dia, banal, tivesse o significado de uma epopéia. O Homem comum, o leitor, visto não como um tipo de criança que precisa de orientação, mas como um adulto que tem uma vida e uma rotina que devem ser respeitadas e observadas. Nada há de util nessas crônicas. Aparentemente. São mais que uteis.
   Jamais voltarão. Cada vez mais queremos guias e não a valorização do que somos.
   André Forastieri publicou ontem um texto, lindo, sobre o show de Robert Plant. O que ele diz? Que o Led faz com que TODAS as bandas atuais pareçam coisa de meninos. Pequenas, modestas, timidas. O Led era um esbanjamento de energia, de força e de vida. Puro Nietzsche. Outra banda assim? Nunca mais.
   Estamos ficando tão diminutos que logo nos sentiremos diminuídos perante uma pulga. Época de menininhos feridos e de menininhas sozinhas. Bluffff....