CLINT EASTWOOD/ JEWISON/ HELEN MIRREN/ DE NIRO/ HUMPHREY BOGART/ TRUMAN CAPOTE/ JENNIFER JONES

   CAÇADOR BRANCO de Clint Eastwood
É o filme em que Clint faz o papel de John Wilson, diretor de cinema que parte à Africa para fazer um filme. É lógico que esse diretor é John Huston e que o filme é UMA AVENTURA NA AFRICA. Em 1989 foi este o filme, feito após Bird, que calou a boca da crítica que via em Clint um mero Charles Bronson que dirigia. O filme é belíssimo e tem uma grande interpretação do Eastwood ator. Nota Dez.
   ROLLERBALL, OS GLADIADORES DO FUTURO de Norman Jewison com James Caan
Eu odiei muito este filme! E o pior é que ele foi refilmado recentemente ( e foi um fiasco outra vez ). Fala de um futuro onde grandes corporações dominam tudo. E regem um esporte, o Rollerball, tipo de patinação onde vale tudo, inclusive matar. Jewison, que fez alguns bons filmes nos anos 60, erra feio aqui. Tem todo um pseudo-clima de 2001, uma seriedade tola, um visual pessimista e personagens desinteressantes. Um trombolho insuportável. Fuja!!!! Nota Zero.
   A TEMPESTADE de Julie Taymor com Helen Mirren, Chris Cooper, Alfred Molina, Djimon Noujou, Tom Conti e David Strathiam
Tenho uma enorme dificuldade para falar deste filme. O motivo principal é que sou apaixonado pela peça de Shakespeare. A Tempestade é uma sinfonia de poesia com algumas das mais belas falas já pensadas por um homem. É um texto canônico. Pois bem, Taymor toma algumas liberdades com a peça. Primeiro transforma Próspero em Próspera. Helen Mirren faz o papel. O mago que domina uma ilha se torna maga. Ok. Mas... porque? Segunda mudança: Miranda, a filha de Próspero/a vira uma magrelinha típica de filmes como Crepúsculo. E é óbvio que tanto Ariel como o amado de Miranda usam rostos e roupas de filmes teen. São todos péssimos. O filme abusa de efeitos especiais, luta para ser atraente aos jovens novos- românticos- tristinhos. Se torna um tipo de Shakespeare vampiro- pop. Em papéis menores, bons atores, atores que fiz questão de citar. E uma criação maravilhosa de Djimon Noujou, um Calibã cheio de lama e de ira, meio bicho, que domina o filme. Observe o modo como ele olha, como ele move o corpo. Uma pena o resto do filme não acompanhar esse nível. Julie Taymor faz concessões sobre concessões. Nota 3.
   OS ESPECIALISTAS de Gary McKendry com Jason Statham, Robert de Niro e Clive Owen
Os filmes de ação têm dois problemas hoje. O primeiro é a falta de vilões "aceitáveis". Os bandidos não podem ser mais simples comunas ou ladrões do terceiro mundo. Uma série de tabus, de leis do politicamente correto impede a criação de bandidos que não sejam parte do próprio país produtor do filme. Assim, os vilôes hoje são sempre parte de alguma corporação americana ou de algum grupo de ex-agentes ocidentais. Aqui os vilões são ex-soldados ingleses. Usando isso, faz de conta que o filme é "consciente". Eu prefiro a liberdade escapista de antes, os bandidos eram do mal e pouco importava de onde eles vinham ou de que raça haviam surgido. O segundo problema é aquele que aflige todo filme de ação desde que o cinema existe, a incompreensão do público "inteligente". Desde os anos 20 que filmes de ação são chamados em seu tempo de descerebrados, para trinta anos depois serem chamados de clássicos. Foi assim com Raoul Walsh, com Hawks, com Curtiz e com Hitchcock. Foi assim com Spielberg e Ridley Scott. Em seu tempo todos são chamados de vazios ou infantis, depois de algum tempo se descobre seu charme, sua eficiência, seu apelo. Creia-me, o western em seu tempo era tratado como lixo, assim como os filmes de pirata e de espiões. Hoje são o melhor do passado. Dito isso, este filme nunca será um clássico e jamais se tornará um novo Bullit ou Dirty Harry. Mas me divertiu e me deixou ligado. Jason nasceu para ser o "solitário", o cara que se vira sózinho. De Niro, pasmem, está aceitável como um velho assassino. É bacana ver em meio aquelas rugas e barba branca o velho olhar de MEAN STREETS. É o homem que fez Taxi Driver!!!! E temos Owen, que insiste em seu olhar de pedra e voz de robot. Funciona. Mas continua a me incomodar estes tempos em que assassinos assumidos são aceitos como "heróis". Matar é bonito? É cool ? Nota 6.
   O DIABO RIU POR ÚLTIMO de John Huston com Humphrey Bogart, Jennifer Jones, Robert Morley, Gina Lollobrigida e Peter Lorre.
Vejo pela terceira vez o muito famoso filme escrito por Truman Capote para John Huston. Foi o maior fracasso da vida de Huston ( que é cheia de fracassos ), é o grande "magnífico fiasco". Mas aconteceu algo de surpreendente com o filme, e com o tempo, a partir dos anos 70, ele foi criando uma fama de cult, de filme adiante de seu tempo, de modernismo radical. Hoje é chamado de obra-prima. Não é. É uma coisa estranha, carnavalesca, viva. De alegria estremada, fala de grupo de malandros, que ancorados na Itália, tentam dar golpes. É famoso o modo como ele foi feito. O roteiro era escrito por Capote no hotel, noite adentro, Huston pegando as folhas e as filmando pela manhã. Bogart nada entendia e acabou por brigar com Huston ( Bogey era o produtor e perdeu muito dinheiro com o filme ). Jennifer Jones está maravilhosa, de peruca loura, fazendo uma mentirosa obsessiva que seduz Bogey e é traída pelo marido. Todos os atores estão excelentes e são tipos engraçadíssimos. O filme é cheio de cenas hilárias. Há um naufrágio, árabes no deserto, policiais italianos e cenas de pastelão. Uma festa, mas... há algo nele que não funciona. As cenas não se grudam umas as outras, o filme parece não andar. É estranho, o filme é fascinante, nada intelectual, leve e alegre, mas ao mesmo tempo ele é truncado, sem rumo, vago. Sem dúvida um dos mais originais. Nota 7.