Não me lembro exatamente em que Dezembro li este livro pela primeira vez, ( 1993? 1992? ), mas posso recordar que foi um prazer enorme. Na época Ruy Castro estava no auge de seu humor leve e borbulhante, humor que com os anos ele foi perdendo. Hoje ele é bem menos interessante.
O livro traça breves perfis ( 20 páginas em média ), de 13 pessoas que para ele definem o século xx. Todas, ele diz, com vidas tão interessantes quanto a arte que produziram.
De cara ele já explica: toda lista é discutível. O século xx de Ruy começa em 1920 e acaba em 1960. O que veio antes e o que surgiu depois não lhe é relevante. Mais que isso, é para ele um século americano, 11 são nascidos nos EUA, e os outros dois, o inglês Hitchcock e o vienense Billy Wilder, viveram décadas na América. São eles: Billie Holiday, Anita O'Day, Doris Day, Fred Astaire, Mae West, Orson Welles, Billy Wilder, Alfred Hitchcock, Dashiell Hammett, Raymond Chandler, Humphrey Bogart, Glenn Miller e Frank Sinatra.
A primeira coisa que se percebe nessa lista é a coragem de Ruy. Seria muito mais "pop" fazer uma lista SEM gente como Doris ou Anita, Glenn ou Mae West. Mas Ruy foi sincero, ele não fez uma enciclopédia sobre o século, como ele avisa, esse é O SEU século xx. Portanto não são os mais importantes ( embora Hitch, Sinatra, Bogart e Astaire sejam impensáveis fora de qualquer lista ), são seus ídolos, as pessoas que definem seu século. Mesmo assim ele diz ter sido cruel ter deixado de fora Bing Crosby, Duke Ellington, Groucho Marx, Cole Porter ou John Ford ( dentre outros ).
Mesmo que voce não goste ou não conheça algum deles ( talvez voce seja filho do século xxi ), os textos são tão bem escritos, tão leves e brilhantes, que lê-los é sempre uma festa. E na verdade eu na época não conhecia Anita O'Day e não tinha interesse em ler algo sobre Glenn Miller. Valeu a pena, são ótimos e Anita se tornou uma cantora querida para mim, graças a Ruy Castro.
Minha lista de 13 teria Astaire, Bogart, Hitchcock e Sinatra. Mas no lugar de Billie eu colocaria Miles Davis, em vez de Anita, Thelonious Monk. Substituiria Doris Day ( de quem gosto ), por Kate Hepburn e Mae West por Buster Keaton. Orson sairia para dar lugar a John Huston e John Ford tomaria o posto de Billy Wilder. Hammett cederia seu lugar a Evelyn Waugh e Chandler a Cole Porter. Por fim, Glenn Miller sairia para a entrada de Count Basie. Esse seria meu livro. E para quem reclamar de o porque de não nomes mais "sérios", minha resposta é a mesma de Ruy: é meu século. Pra mim o século xx é americano e tem esse jeito jazzy-hollywood, é o que mais vale a pena em tempo tão miserável de gênios e de heróis.
Mas é claro que Ruy dá uma bela ideia, porque não fazer um SAUDADES DO SÉCULO XX- França, ou Itália ou Brasil ? Seria uma delicia!!!
Não vou citar as frases engraçadas de Ruy Castro. Leiam o livro, ele é fácil de achar. O que direi é que ele vai te deixar louco pra conhecer todos os caras descritos, e ainda te dar uma bela sensação de conforto, luxo e calma. Aliás, luxo, conforto e calma é uma das características de todos esses campeões do século. Por mais dura que tenha sido a vida de Billie ou de Anita, por mais frustrante que tenha sido o destino de Orson ou de Mae West, o que eles nos deram ficou grifado como artigo de luxo, produto cheio de estilo, de requinte, de volúpia. O século xx de Ruy Castro é século de hotel novaiorquino, de drinque secreto, de gravata e chapéu e de estola de peles.
Se define num filme de Fred Astaire, na elegância sob-pressão de Bogart, na voz de Sinatra e nas tiradas de Wilder. Como diz Ruy Castro, o resto é rocknroll.
O livro traça breves perfis ( 20 páginas em média ), de 13 pessoas que para ele definem o século xx. Todas, ele diz, com vidas tão interessantes quanto a arte que produziram.
De cara ele já explica: toda lista é discutível. O século xx de Ruy começa em 1920 e acaba em 1960. O que veio antes e o que surgiu depois não lhe é relevante. Mais que isso, é para ele um século americano, 11 são nascidos nos EUA, e os outros dois, o inglês Hitchcock e o vienense Billy Wilder, viveram décadas na América. São eles: Billie Holiday, Anita O'Day, Doris Day, Fred Astaire, Mae West, Orson Welles, Billy Wilder, Alfred Hitchcock, Dashiell Hammett, Raymond Chandler, Humphrey Bogart, Glenn Miller e Frank Sinatra.
A primeira coisa que se percebe nessa lista é a coragem de Ruy. Seria muito mais "pop" fazer uma lista SEM gente como Doris ou Anita, Glenn ou Mae West. Mas Ruy foi sincero, ele não fez uma enciclopédia sobre o século, como ele avisa, esse é O SEU século xx. Portanto não são os mais importantes ( embora Hitch, Sinatra, Bogart e Astaire sejam impensáveis fora de qualquer lista ), são seus ídolos, as pessoas que definem seu século. Mesmo assim ele diz ter sido cruel ter deixado de fora Bing Crosby, Duke Ellington, Groucho Marx, Cole Porter ou John Ford ( dentre outros ).
Mesmo que voce não goste ou não conheça algum deles ( talvez voce seja filho do século xxi ), os textos são tão bem escritos, tão leves e brilhantes, que lê-los é sempre uma festa. E na verdade eu na época não conhecia Anita O'Day e não tinha interesse em ler algo sobre Glenn Miller. Valeu a pena, são ótimos e Anita se tornou uma cantora querida para mim, graças a Ruy Castro.
Minha lista de 13 teria Astaire, Bogart, Hitchcock e Sinatra. Mas no lugar de Billie eu colocaria Miles Davis, em vez de Anita, Thelonious Monk. Substituiria Doris Day ( de quem gosto ), por Kate Hepburn e Mae West por Buster Keaton. Orson sairia para dar lugar a John Huston e John Ford tomaria o posto de Billy Wilder. Hammett cederia seu lugar a Evelyn Waugh e Chandler a Cole Porter. Por fim, Glenn Miller sairia para a entrada de Count Basie. Esse seria meu livro. E para quem reclamar de o porque de não nomes mais "sérios", minha resposta é a mesma de Ruy: é meu século. Pra mim o século xx é americano e tem esse jeito jazzy-hollywood, é o que mais vale a pena em tempo tão miserável de gênios e de heróis.
Mas é claro que Ruy dá uma bela ideia, porque não fazer um SAUDADES DO SÉCULO XX- França, ou Itália ou Brasil ? Seria uma delicia!!!
Não vou citar as frases engraçadas de Ruy Castro. Leiam o livro, ele é fácil de achar. O que direi é que ele vai te deixar louco pra conhecer todos os caras descritos, e ainda te dar uma bela sensação de conforto, luxo e calma. Aliás, luxo, conforto e calma é uma das características de todos esses campeões do século. Por mais dura que tenha sido a vida de Billie ou de Anita, por mais frustrante que tenha sido o destino de Orson ou de Mae West, o que eles nos deram ficou grifado como artigo de luxo, produto cheio de estilo, de requinte, de volúpia. O século xx de Ruy Castro é século de hotel novaiorquino, de drinque secreto, de gravata e chapéu e de estola de peles.
Se define num filme de Fred Astaire, na elegância sob-pressão de Bogart, na voz de Sinatra e nas tiradas de Wilder. Como diz Ruy Castro, o resto é rocknroll.