ALTMAN/ LEONE/ FORD/ STEVE MCQUEEN/ MAX VON SYDOW

ERA UMA VEZ NO OESTE de Sergio Leone com Henry Fonda, Jason Robards, Claudia Cardinale e Charles Bronson
Impressiona e muito. Raros filmes são tão bonitos de se olhar. Cada gesto e cada ângulo de tomada é um primor. Apesar de por vezes cansar ( é longo e lento ) não conseguimos desistir de o acompanhar. Seus primeiros trinta minutos são das melhores coisas ( em termos de diversão ) da história da arte. O final deixa saudades. Após ver este filme, o Bastardos de Tarantino lhe parecerá bem menos atraente. Nota DEZ!!!!!!!!!!!!!
ONDE OS HOMENS SÃO HOMENS de Robert Altman com Warren Beatty e Julie Christie
Foi Pauline Kael quem disse que este filme é como viagem de ópio. Revendo-o agora percebo isso. As vozes vêm não se sabe de onde, todos os diálogos parecem distantes, murmurosos. As imagens são embaçadas, desfocadas, estrábicas. Tudo no filme se parece com sonho, é um tipo de longo devaneio sobre o fracasso e sobre a melancolia de se viver sem ninguém. Beatty ( excelente ) é um pseudo-malandro, que chega a vila do Alasca ( o filme tem muita neve ) e monta um bordel. Interesses capitalistas irão lhe destruir. Warren está comovente, seu tipo é de uma doçura/malandrice cativante. Julie faz uma puta pretensiosa e esperta. Sem coração. A trilha sonora é feita por canções de Leonard Cohen. São amargas baladas sobre a solidão e a estrada. Cortam nosso coração, são de uma beleza absurda. Todo o filme é como a música de Cohen: bela preparação para o fracasso. E o filme, feito no auge do sucesso pop de Altman, foi um proposital fiasco. Altman desejou destruir sua chance de ser mainstream. Conseguiu. O filme é das coisas mais originais já feitas. Nota 8.
O HOMEM QUE MATOU O FACÍNORA de John Ford com James Stewart, John Wayne, Vera Miles, Lee Marvin e Edmond O'Brien
Este, que é o último grande filme de Ford, trata de dois tipos de herói. O individualista e o comunitário. Stewart é o senador que vai a enterro de velho amigo. Conta-se sua história. De como ele foi um jovem advogado e de como foi ajudado por Wayne, que faz o solitário e duro herói cowboy. O filme chora o fim desse tipo de homem, o homem que fez os EUA. Stewart é o homem politico, o homem da lei, do futuro. Há muito de elegia neste filme e tem a famosa frase: Se a lenda é melhor, que se publique a lenda! Mas não é um tipo de western que empolgue. Ele é muito mais uma revisão de todo o Ford que uma obra vital e criativa. De qualquer modo, é adorado por todos os fãs de western. John Wayne está soberbo e o filme peca por usá-lo menos do que queríamos. A cena do incendio é o ponto alto. Nota 7.
FUGINDO DO INFERNO de John Sturges com Steve McQueen, James Garner, Charles Bronson, Richard Attenborough, James Coburn
O rei do cool se tornou rei neste filme. Steve McQueen faz um prisioneiro de campo nazista que é conhecido por ser o rei do cooler ( solitária ). O filme é isso, prisioneiros que tentam fugir e alemães que tentam impedir. Dirigido com profissionalismo, o filme vai crescendo conforme avança e sua hora final é extremamente empolgante. É mais um dos top 20 de Tarantino. É este tipo de filme que faz falta hoje: muito popular, simples, sem nenhum tipo de enfeite, mas de produção cara, divertido, sem grandes tolices, que vale cada centavo gasto. É dos filmes mais queridos dos anos 60 e foi grande sucesso. Nota 8.
O MENINO E O SEU CACHORRO de LQ Jones com Don Johnson e Jason Robards
Como lançam este dvd? É um muito obscuro filme doido dos anos 70 que exemplifica o ponto de piração que a época chegou. Em mundo do futuro, destruído pela radiação, um garoto anda pelo deserto com seu cão. O cão fala, e fala como um muito prático e ranzinza conselheiro. O garoto o usa para conseguir mulheres, que são estupradas e descartadas. O cão quer comida, e no fim o garoto lhe dá uma moça para comer. Um pesadelo mal feito e muito doentio. Nota 1.
ANUSKA de Francisco Ramalho Jr. com Francisco Cuoco e Jairo Arco e Flexa
Um jornalista se divide entre o mundo politizado do jornal e o mundo da moda de sua paixão, Anuska. O tema é bom, o filme é inacreditávelmente amador. Simplesmente o diretor não sabe como contar uma história. E ainda tem patética homenagem a Jules et Jim!!!!! ZERO!!!!!
O LOBO DA ESTEPE de Fred Haines com Max Von Sydow e Dominique Sanda
Baseado em Hesse e tendo o bergmaniano Sydow no elenco. O ator é o certo, o filme é errado. Não li o livro, mas dá pra notar que tudo se torna confusão neste filme que não tem uma só cena criativa. Um blá blá blá sem fim. Andam por bares e cabarets, mulher oferece sexo e por aí vai. Incompreensível. Nota ZERO
THE HIT de Stephen Frears com Terence Stamp, Tim Roth e John Hurt
Grande Frears!!!! O talentoso diretor de Ligações Perigosas, fez em 1984 este muito bom policial. É sobre dedo-duro que é caçado na Espanha por enviados do dedurado. O filme é a viagem pela Espanha dos dois assassinos e do capturado. Conseguirão executá-lo em Paris? Os três atores estão excelentes. Stamp, ex-sex symbol inglês que optou pela boemia, faz um blasé dedo-duro. Nas mãos dos executores, ele jamais demonstra medo. Hurt faz o calado matador. Frio. E Roth, bem jovem, é o bandidinho novato, bobo e afobado. O filme é diversão de primeira linha ( apesar de barato ). Frears sabe tudo. Nota 7.
DUPLO SUICIDIO EM AMIJIMA de Masahiro Shinoda
A nouvelle vague de Godard fez com que brotassem nouvelles vagues mundo afora ( foi o último movimento em cinema a fazer isso ). Tivemos uma nouvelle alemã, uma brasileira, australiana e até a japonesa. Na Alemanha ela se caracterizava pelo seu esquerdismo radical, e no Japão por sua fascinação por morte e sexo. A nouvelle vague made in Japan é toda calcada nisso: sexo e morte. Este filme fascinante e original trata disso. Uma paixão sexual que leva a morte. As imagens são belíssimas e desde seu incio vemos que o filme é especial. Nota 7.
FILHOS DE HIROSHIMA de Kaneto Shindo
Moça volta a Hiroshima. Estamos em 1951. A cidade é ainda uma cicatriz. Ruínas e gente abandonada. O filme é quase um documentário. Fortemente influenciado pelo neo-realismo italiano. Nota 5.
O VINGADOR de F.Gary Gray com Vin Diesel
Continuo tentando. Este trata de policial que tem a esposa morta por traficante e parte pra vingança. As cenas de ação são tão rápidas que mal se vê o que acontece. Mas o filme não é ruim. A gente assiste sem sentir tédio ou sono. O único problema é que depois que ele termina nada resta para ser recordado. Será que ninguém sabe mais escrever diálogos bons em filmes de ação??? Nota 5.
RAW DEAL de Anthony Mann com Claire Trevor e Dennis O'Keefe
Um dos primeiros filmes de Mann, é um noir barato que funciona bem. Um cara foge da prisão com duas mulheres: sua garota e a outra. Uma é do mal, a outra é do bem. Com trama tão frágil, é construído um sólido filme sem uma cena fraca. Rápido e viril. Cinema noir com suas sombras, suas noites quietas e seus tipos perdidos. Muito cigarro e carrões. Uma tremenda diversão! John Alton fez a foto contrastada. Nota 7.