CAPRA/ WYLER/ STERNBERG/ WALTER HILL/ ROBIN HOOD/ BOORMAN

ESPERANÇA E GLÓRIA de John Boorman
Concorreu a monte de Oscars em 1987, mas perdeu todos para O ùltimo Imperador de Bertolucci. Raros filmes são tão bem fotografados quanto este. Os céus e as casas brilham em colorido estupendo ( de Philippe Rousselot ). O roteiro, meio autobio, fala do quanto as crianças londrinas se divertiam durante os bombardeios alemães na segunda guerra. Na época causou certo frisson este filme, por mostrar que em meio ao fogo e a voz de Churchill havia humor, alegria e diversão. È um belo filme do diretor de Inferno no Pacifico e Deliverance. Nota 7.
ROBIN HOOD de Ridley Scott com Russell Crowe
Houve um divertidíssimo Robin mudo com Fairbanks. Depois assisti o clássico com o insuperável Erroll Flynn, Robin alegre, cartoonesco; veio a série de tv inglesa com Richard Greene e o Robin romantico com Sean Connery e Audrey. Um desenho da Disney em 1973. Daí o típico Robin anos 80/90 com Kevin Costner e agora este Robin século XXI. Grande produção, tintas de inconformismo e um monumento à chatice. Pra que fazer este filme? Fuja!!!! Nota 2.
ALMA EM SUPLICIO de Michael Curtiz com Joan Crawford
Joan levou Oscar de atriz com este drama levemente noir sobre mãe que faz tudo por filha esnobe. Inclusive esconder um crime. O filme tem clima, um ar de destino-irresistível, moto que é o cerne de tudo que significa drama. Joan tinha rosto impressionante. Sofria com orgulho. O filme é base de toda dramaturgia rede Globo até hoje. Nota 7.
O CAPITÃO DE CASTELA de Henry King com Tyrone Power e Jean Peters
O que faz de uma aventura algo de especial ? Ação? Não. Um bom personagem. Como ocorre aqui, voce precisa gostar, se identificar e torcer muito pelo herói. Isso se consegue com um bom roteiro e ator de carisma. Este fala de nobre espanhol perseguido que vai tentar a vida no Mexico. Imenso sucesso, Tyrone mostra porque era rei na Fox. O filme avança sem parar. Delicioso. Nota 8.
ESPORAS DE AÇO de Anthony Mann com James Stewart, Robert Ryan e Janet Leigh
Atenção: eis uma obra-prima!!!!!! Os melhores westerns são os mais simples. Aqui temos cinco personagens. Stewart ( fantástico ) é o caçador de recompensas, Ryan ( soberbo ) o bandido capturado. Janet é a amiga do bandido e ainda temos dois ajudantes do "herói". Mas estamos no mundo de Mann: esse herói é antipático, amargo e violento. O que o move ? Dinheiro. O filme é perfeito. Nas paisagens áridas se desenvolve um sombrio drama entre os cinco. Ao mesmo tempo, eletrizante aventura. E para quem quer arte ( coisa que todo bom western traz de contrabando ) se mostra o caráter civilizador da mulher. É ela quem carrega o fardo da esperança. Filme para aplaudir. De pé. Nota DEZ !!!!!!!!
MACAO de Josef Von Sternberg com Robert Mitchum e Jane Russell
Aventura em porto chinês sobre homem aventureiro que tenta ganhar dinheiro. Jane é aventureira também. E cantora. O filme começa bem e vai perdendo fôlego. Sabe-se que Sternberg se desinteressou e Nicholas Ray assumiu a direção. Tem ainda a fascinante Gloria Grahame no elenco. Mas o filme é totalemte esquizofrenico. Nota 4.
EFEITO DOMINÓ de Roger Donaldson com Jason Statham e Saffran Burrows
Roger é diretor egresso dos anos 80, portanto é ação da velha escola: sem excesso de firulas. Fala de assalto a banco. Fala de crise politica. Traições. Tudo na Londres de 1970. Os sotaques são de doer, mas Jason consegue ser um sub-Bruce Willis aceitável. O filme peca por não conseguir empatia entre seu herói e seu público, mas é bastante ok. Nota 6.
O ÚLTIMO CHÁ DO GENERAL YEN de Frank Capra com Barbara Stanwyck e Nils Asher
Raridade recuperada para o dvd. Missionária americana é raptada por caudilho chinês. Ele está apaixonado, ela talvez esteja. Fuzilamentos, bombas e povo nas ruas. Os cenários são maravilhosos!!!! Parecem quadrinhos em P/b dos anos 30. Capra antes de seus filmes de sucesso. É um suntuoso romance inter-racial. Nota 6.
A LUZ É PARA TODOS de Elia Kazan com Gregory Peck, Dorothy McGuire e John Garfield
Melhor filme de 47 para o Oscar, este sucesso fala de repórter que se faz passar por judeu para escrever sobre anti-semitismo. É um filme frio. Peck não convence, é daquelas suas atuações em que parece estar com sono. Mas é um belo roteiro de Moss Hart. Kazan dá a tudo um aspecto jornalístico e nossa atenção é capturada. Exemplo da crise de consciencia que se abateu sobre a América após a segunda guerra. Nota 7.
LUTADOR DE RUA de Walter Hill com Charles Bronson e James Coburn
Um trem chega a cidade deserta. São os anos 30. Bronson é um lutador que vive de quebrar queixos. Coburn logo o empresaria. O tipo que Coburn faz é delicioso. O malandro de rua. Bronson, sempre de cara feia e quase mudo, convence como bruto de coração nobre. Este é o primeiro filme dirigido por Hill. Talvez seja seu melhor. Se fosse feito hoje ( ele é de 1975 ) era capaz de ser indicado a Oscar. Simples, modesto e bacana. Nota 6.
OS MELHORES ANOS DE NOSSA VIDA de William Wyler com Frederic March, Myrna Loy, Dana Andrews, Teresa Wright, Dorothy Malone
Há quem considere Wyler o melhor diretor que os EUA tiveram. Eu não discordaria. Devo ter visto mais de vinte filmes dele, e nenhum é menos que bom. Este é um dos seus maiores sucessos, e é um dos mais corajosos. E premiados, foram sete Oscars. Vemos três soldados voltando ao lar após a guerra. E acompanhamos a terrível dificuldade que eles têm para voltar a vida civil. Por motivo simples e complexo: na vida comum eles perdem a função. Um deles, que era tenente e herói de guerra, volta a ser desempregado e marido corneado. Um outro não consegue se adaptar a vida em familia classe média e a trabalho em banco, e há um marujo que perdeu as duas mãos ( e Harold Russel, o ator, realmente não tinha as duas mãos ) e sente-se um fardo para todos. O roteiro de Robert Sherwood opera um milagre: o que poderia ser dramalhão pesado se faz filme denúncia, sincero, mas que nunca cansa ou entristece. Wyler dá aula de direção: todos os atores brilham, e apesar das três horas de duração, voce não se entedia. Ele era mestre em pegar filmes complicados e fazê-los fluir. Até Ben-Hur ele conseguiu salvar. Então aqui vemos um esmiuçamento da vida desses três homens. O medo de se não ter utilidade, o não reconhecimento de seu heroísmo, a estranheza em se ter um lar, os pesadelos com as batalhas. Isto é aquilo que se chamava de "filmão". Valia cada centavo gasto. Belíssimo. Nota 9.