O OLHO - VLADIMIR NABOKOV

Se voce já leu Nabokov sabe: nenhum livro dele se parece um com o outro. Nabokov dá a impressão de se colocar um problema, quase matemático, e então resolver esse desafio escrevendo um livro. Mestre da escrita, ele explorou campos literários como poucos antes dele e como nenhum após. Escrito em 1930, novela curta, O Olho é mais um exercício, desta vez de humor. ---------------- O personagem principal, jovem russo vivendo em Berlin, se envolve com mulher casada e é humilhado pelo marido. Tenta se matar ( ou morre ? ) e então, ao crer ser um morto, passa a viver como Um Olho, um observador da vida e de si mesmo. Parece simples? Não é. Esta pequena obra prima vai te confundir. Não espere grandes aventuras, é uma vida pequena dentro de uma casa de emigrados russos. O personagem se vê, se confunde, se perde e se acha. E o leitor vai junto, SEM PERCEBER. ------------------ Eu, como qualquer pessoa alfabetizada, invejo Nabokov porque diante dele eu vejo um desses homens que dominam 100% sua arte. Nós amamos quem se esforça e consegue vencer, mas NÃO AMAMOS quem parece chegar aos 100% quando quer. Ele nos diminui. Então o que sinto por Nabokov é admiração, assim como admiro Henry James ou Proust, eles são os maiores. Tão grandes que sempre nos sentimos distantes deles, são inumanos. Amor eu sinto por Yeats, Heminguay, Wodehouse, autores que podem ser geniais ( Yeats ), grandes ( Heminguay ) ou deliciosos ( Wodehouse ) mas nunca inumanos. Eles falham. E lutam para escrever bem. Estão ao nosso lado, ombro a ombro. Nabokov e os outros são aristocratas da escrita. Outro mundo, outro sangue e outra visão. ----------------- Por fim, repito: Que belo livro!