OS CADERNOS DE MALTE LAURIDS BRIGGE - RAINER MARIA RILKE
Leio uma edição de 1979 da Nova Fronteira desta obra prima em prosa de Rilke. É um dos textos mais fortes do século XX e já havia lido em 2008. Brigges anda por Paris, tomado pelo medo, pela paranoia e pela solidão. Ele observa ruas, pessoas, locais, e não sabemos se ele alucina ou vê o real ampliado. O livro é um pesadelo de um homem febril. ------------------------ O interessante na grande arte é isso: ela nos faz ter prazer mesmo mergulhando dentro de um pesadelo. A febre do personagem é transmitida para nós, sua doença mental se faz nossa e, incrível, temos um tipo de gosto estético em viver esse mal. Ler esta obra nos faz sofrer com ele e como ele, mas, sabendo o tempo todo ser uma martavilha estética, algo dentro de mós, que não é masoquismo, nos dá prazer. --------------------- Há obras que nos fazem ser masoqueistas, sofremos para purgar. A arte de hoje se especializou nisso, não é o caso aqui. Entrmamos em Rilke por beleza, não pela dor. E cercados pelo terrível, lá nos quedamos, por querer, por inteligência, com razão. ----------------- Isso é arte.