THE IDIOT - IGGY POP
Não é um disco de Iggy Pop. É um disco de David Bowie. Foi Bowie quem compôs as faixas, produziu e teve toda a ideia. Iggy canta e fez as letras. Por isso, este é o disco que faz a ponte entre o pop lunar de Station to Station e a genialidade glacial de Low. Dito isso, em 1977, The Idiot antecipava o gótico que dominaria os anos de 1980. De Ultravox à Siouxssie, de Bauhaus à Dead Can Dance, tudo está aqui. Dum Dum Boys é atemporal. Sister Midnight aterradora. Mass Production é industrial. Funtime esquisita. E Nightclubbing um hino soturno. Baby diz tudo. E Tiny Girls é de uma beleza triunfante. --------------------- Se em 1977 ele parecia hiper moderno, assustador, como é o escutar hoje? ------------ Moderno. Ainda parece moderno e China Girl incomoda. A mixagem é suja, errada, crispada. Na verdade Bowie mixou sem saber mixar e Tony Visconti teve que arrumar tudo. Ficou assim: único. O disco não é uma obra prima. Low é. Mas chega perto. Não o chamo de obra prima porque ele parece curto, não tem a imensidão continental que toda obra prima tem. Mas é uma obra que permanece. Pra sempre. ---------------- Iggy canta como nunca e transmite uma coisa wild que Bowie nunca tem. Por outro lado, Bowie faz de Iggy algo mais que o "cara primal". Se completam, mas também há atrito. Bowie disse que esta era sua homenagem ao Kraftwerk. Iggy fala que é um casamento entre rock alemão e blues. Não é nada disso. É gótico. -------------- Era para Fripp ter tocado aqui. Não pode. Veio Phil Palmer. E ele se sai bem. Batera e baixo são os de Bowie: Davis e Murray. E Alomar. O sax, ótimo em Tiny Girls, uma canção que Jacques Brel assinaria, é tocado por Bowie. Fantástico. E é isso. 77 foi um grande ano para se gostar de rock e se ter 15 anos.