O POP FRANCÊS E O IÊ IÊ iÊ

Sou da última geração brasileira que lembra do POP francês. Voce ficará surpreso em saber, mas entre 1964-1978, música popular francesa, ( e italiana ), tocava tanto no rádio como americana ou inglesa. E sempre nas novelas da TV havia uma ou duas canções em francês. Adamo, Charles Aznavour, Gilbert Bécaud, Silvie Vartan, Johnny Halliday, Joe Dassin, Mireille Mathieu, Françoise Hardy, entre muitos outros, eram extremamente populares e saiba que o ieieie da Jovem Guarda bebia não apenas em Beatles, mas muito no POP latino europeu. O Calhambeque é versão de uma canção francesa e não só ele. Roberto Carlos, Ronnie Von, Wanderlea tinham por molde o POP de Paris. Mas, de forma lenta, a canção em francês foi sumindo do rádio e da TV e nos anos 80 ouvir canções em francês era coisa de brega. ------------- Como cinema aconteceu o mesmo. Na TV sempre havia algum filme francês para ver, Jean Gabin, Delon e Belmondo eram astros tão famosos como Paul Newman ou Redford. Por que a coisa mudou tanto? --------------- Talvez o primeiro sinal tenha sido a retirada do francês do currículo escolar. Foi em 1975 e foi um choque. Como assim? Não haveria mais aulda de framcês na rede pública? Mas não era ela a língua mais importante do mundo? Não? Como? ---------------- E logo se forma embora os discos de Dalida e os filmes de Miou Miou. Não se falava mais abat-jour, era luminária e o chauffeur foi trocado pelo motorista. A cultura brasileira, sempre vassala da França, passou a ser tributária dos USA. O que restou, até hoje, foi a sociologia, nossa intelectualidade herdou o pior da França, falam de Sartre e Foucault sem ter lido quase nada e mantém pelo socialismo à francesa um amor de fanatismo. Dispensaram o bouquet e o negligé e mantiveram maio de 68. -------------------------- Jacques Dutronc é um mito na França. Ator e cantor, ele é figura central no POP que se ouve e no que se vê. Fazia rock mas também a chançon e seguia ao lado de Serge Gainsbourg como o modernismo jovem do pais. Le Ie ie. -------------- Ouço o cd ao vivo, gravado em 1992, som e banda impecáveis, grande voz, músicas vibrantes. Um mundo a ser redescoberto. Ah sim.....é de Dutronc aquela que venceu a eleição de maior canção da história da França, Les Cinq Heures bateu Ne me Quitte pas de Jacques Brel. Ouça.