WEEKEND IN L.A. - GEORGE BENSON. LUXO, CALMA E VOLÚPIA
Luxo, Calma e Volúpia é o lema de Henri Matisse e pode ser aplicado a 80% dos nomes do jazz-rock que lançaram discos nos anos 70. ( Jazz-rock é o mais impreciso dos nomes, pois o som de Wheater Report, Grover Washington, Earl Klugh e imenso etc nada tem de rock. Jazz Pop elétrico seria bem mais adequado ). Neste último ano tem sido esse o estilo que mais tenho escutado e só pra voce ter uma ideia, hoje possuo 8 discos de George Benson, sendo que a um ano atrás eu mal o escutava. Talvez White Rabbit seja seu melhor disco, mas eu ouço agora este disco de 1977, Weekend in L.A., disco ao vivo, duplo, que vendeu feito sorvete em sua época. ------------------- Benson era aquilo que se chamava de Jazzista Funk, ou seja, ele fazia música instrumental com balanço negro. Era, desde sempre, um som luxuoso, calmo e sexy. Seu modo de tocar guitarra, sempre dedilhada, é o mesmo de Wes Montgomery, belo, suave, ágil, sempre elegante. Eu não sei o porque, mas quase todo movimento do jazz elétrico dos anos 60-70 tem esse caráter de prazer, de bem viver, de savoir faire. Por que? Talvez porque eles toquem tão bem, com tanto prazer, tanta satisfação que isso transparece no som. Não há dor na música de Benson e também de Pat Metheny, Lee Ritenour ou mesmo do complicado Chick Corea. É portanto a música mais anos 70 da hsitória, pois, mais ainda que na disco music, tudo no jazz pop é feito NUMA BOA. Música que procura a eterna BOA VIBRAÇÃO. E NUMA BOA é a filosofia dos anos 70. ---------------- Por isso ela fica sempre próxima do som de dentista, de sala de espera, porque é música que acalma e que pode ser ignorada. Mas se voce prestar atenção, é absoluto prazer. Todos tocam como mestres, não há dissonância ou barulho, é música linda. Sempre. -------------- Por isso todos eles amavam tanto a música brasileira. Tom Jobim, Eumir Deodato, Luiz Bonfá, toda a turma da bossa nova é irmã daquilo que eles faziam. Muitos brasileiros jamais voltaram para cá. -------------------- Nelson Mota dizia que o RAP havia matado a bela tradição do músico americano negro. O super instrumentista, que mesmo tendo uma vida ruim, transparecia prazer em tudo que tocava. A maestria do grande músico improvisador, swingueiro, teria sido perdida. Penso que não foi. Apenas saiu do mainstream. Uma pena. Toda uma geração desaprendeu a ouvir. Jazz é para ouvir e deixar o som entrar na alma. RAP não, RAP é puro corpo. ------------------- Este disco é de uma beleza de diamante. É aqui que Benson vira cantor e ganha a ira de seus fãs puristas. Eu adoro. Soul Jazz. Ouça Baby.