DEIXEI NO METRÔ TODA A OBRA DE MURILO MENDES
Deixei no metrô toda obra de Murilo Mendes. Que alguém dela faça bom uso. Pois eu reli o poeta e senti vergonha de um dia ter a ele amado. Que coisa repugnante ele foi !!!! ----------------- O que hoje me enoja nele? A doçura pegajosa, característica tão brasileira, povo do tapinha nas costas e do cafezinho e que em seguida propõe uma malandragem sem pudor algum. A Italia é igual, mas pelo menos eles tiveram a renascença e nós tivemos a Semana de 22, um encontro entre playboys que se viam como um tipo de Jean Cocteau dos trópicos. Oswald? Quem ele foi? Só aqui pra se levar um pândego sem talento a sério. Em país sem genialidade, até um cantor de bolero é chamado de gênio. ----------------------- Murilo é daqueles que comeram as babás e se orgulham de chorar de pena do povo. Hipocrisia em estado de doce de leite. Seu catolicismo é daquele tipo melado, tudo na religião é saudade e alívio. Murilo, medíocre maior, ama o mundo sem suspeitar que ele é seu mundo. Ama-se sem pudor algum. Sua obra, uma sopa de substantivos temperados por uma tonelada de adjetivos, tudo unido ao acaso, é profunda como um episódio de Friends. Eis a tal arte brasileira em sua nudez mais pelada: Questão de cozinha e nunca de intelecto. Murilo tem muito pouca inteligência. Suas descrições poéticas de cidades do mundo são dignas de um artista poeta de rua. Óbvias. Vazias. Enfeitadas. Um poeta carnavalesco. Muita cor e muito brilho a serviço do la ia la ia infinito. --------------------- E eu o amava, Por volta de 2002 eu dizia ser Um Grande Poeta. Por que? Por preguiça. Ler Murilo era como ouvir Dorival Caymmi. A gente é educado a achar aquilo genial, quando é na verdade somente "simpático". Caymmi era um cara legal, amável, boa gente. A gente escuta suas canções tentando ser também "como ele era". Doce. ------------------ Murilo nem mesmo era um cara simpático. Era apenas um deslumbrado. ---------------------- O rock brasileiro morreu ao dar tapinhas nas costas de todo mundo. Da dura retidão do rock n roll tentaram tirar dendê e pudim de leite. Pois aqui, seja sertanejo ou funk, tudo é sempre um cafezinho e uma rede de dormir. --------------- Uma verdade que parece piada: um diretor de escola teve como grande ideia para melhorar o ensino colocar redes penduradas nas árvores. Para o relaxamento dos alunos. Isso é o Brasil. --------------------- Isso aconteceu de fato. Numa escola em Pinheiros, bairro de SP. ---------------- " Mas meu amigo querido, vem em casa tomar um cafezinho e jogar fora um dedinho de prosa ". --------------------- Murilo Mendes me agradava porque eu amava a rede ao sol. Era objetivo de vida. ------------- Hoje não mais. Adeus poeta fake. Sua obra não vale um arroto de Eliot ou um pensamento bêbado de Baudelaire. Murilo, nada mais és que um funcionário público, ávido pela aposentadoria aos 50 anos de vida. E que para justificar sua vida vazia, arrisca uma loteria de palavras óbvias unidas a pensamentos infantis. Adieu. --------------------- PS: Mente viva. Eu mudo. Pour quoi pas?