O DISCO MAIS VENDIDO NA HISTÓRIA DO JAZZ....HERBIE HANCOCK, HEADHUNTERS
No folheto do cd, Herbie Hancock diz que foi ouvindo Thank You de Sly Stone que nasceu este disco. Após 13 anos tocando com seu sexteto, e com Miles Davis também, Herbie eletrifica seu som e lança, em 1973, este disco de jazz-funk. E claro que seus fãs puristas nunca o perdoaram por isso. ---------------- Interessante observar que 2022, a época da história que mais fala de diversidade, tem uma das trilhas sonoras menos diversificadas de todas. Claro que se voce for atrás voce achará músicas diversas. Basta procurar música do Qatar, da Etiópia, do México ou do Egito. Mas falo do mainstream, daquilo que vende, daquilo que será lembrado como o som de 2022. Sem preconceito, tudo soa parecido, quando não, igual. Basta assistir uma hora de MTV. Ou ouvir uma hora de rádio. Refrões que se parecem. Vozes que são idênticas. Batidas repetidas ao infinito. No mundo da diversidade, a música que vende nunca foi tão igual. ------------------- Ok, sou velho e falo como velho. So what? Em 1973, entre os 20 mais da Billboard havia hard rock, progressivo, funk, soul music, música POP hiper soft melosa, a pré disco da Philadelphia, country music, música de cinema, erudito, POP tradicional e esse tal de jazz-rock, que de rock nada tinha, era na verdade jazz-funk ou jazz elétrico. --------------- Jazz rock nasceu em 1970, com Bitches Brew de Miles Davis, disco gravado sob impacto do som de Jimi Hendrix. Depois veio Sly Stone e então a coisa pegou mais funky, mais groove. A lista de nomes é longa, John McLauglin, Jean-Luc Ponty, Jaco Pastorius, Jan Hammer, Spyro Gyra, Chick Corea, Stanley Clark, George Duke... a coisa veio pro Brasil: Sergio Mendes, Wagner Tiso, Azimuth, Hermeto... -------------- O que o diferencia do jazz é a amplificação. O som tem peso. O baixo tem muito maid destaque e a bateria é o centro do som. Todo bom disco de jazz rock tem um grande batera. É um dos estilos sonoros que mais marcaram sua época ( 1972-1979 ). O cinema usou muito. Não há filme cool que não tenha uma trilha sonora de jazz rock, geralmente de Lalo Schifrin ou de Quincy Jones. Aliás, até hoje filmes cool imitam esse som. A gente vê um cara planejando um roubo e já pensa num groove de jazz rock. David Holmes usa isso como nenhum outro. É um estilo que pega a elegância fria do jazz, mais soma à isso a malandragem do funk e a coisa teen do rock. Somando tudo dá um Steve McQueen ou um George Clooney. ------------------ Headhunters abre com Chameleon, um som hiper mega conhecido. Foi usado em centenas de comerciais ( Top Time...a loja do shopping Iguatemi que vende relógios ). Hoje seria uma trilha perfeita para filme de malandragem. Sempre será. Harvey Mason leva a batida na batera e Paul Jackson comanda no baixo. Bernie Maupin é o sax quase free. E Hebie usa piano elétrico, Moog, Oberheim, e tudo mais que tem teclas. Eu ouvi sábado passado numa loja. Comecei a balançar o quadril. Não tem como não balançar. Só se voce já morreu. Mas o resto do disco, são só 4 longas faixas, é tão bom quanto. Groove puro, é um dos discos mais influentes da história. ------------- Tem muita coisa chata no jazz rock. Ele propiciou que os egos perdessem freio. Solos sem sentido, chatos, repetitivos. Não é o caso aqui. Se voce quer conhecer o estilo ouça dois discos: este e Blow By Blow, de Jeff Beck. Não precisa mais nada.