DIETRICH FISCHER DIESKAU CANTA SCHUBERT E STRAUSS

São dois cds da DG. Em um deles, o grande barítono alemão canta Schubert. As letras, poemas, são de Goethe. O piano é tocado, de forma sublime, por Gerald Moore e por Jorg Demus. Schubert nasceu para compor lied, essa forma tão alemã de canção. Ganymed é minha faixa favorita. O poema de Goethe, conheço-o em tradução, encaixa à perfeição com a força musical de Franz Schubert. Se a civilidade tem uma forma ela se encerra nesta obra. Dieskau, como todo mestre vocal, canta se fazer a menor força. Se apruma, respira, e solta a laringe como se fosse isso a coisa mais simples da vida. É a voz que mais admiro. Jamais perde o controle. Não procure nele a emoção explícita dos italianos. Aqui voce deve recolher os momentos e os compreender. ------------ No outro CD, Dieskau canta Richard Strauss e os poemas musicados vão de Heine e Goethe até MacKay e Schack. É outro mundo. É a cultura alemã-vienense de 1900. Sensual, há nas melodias algo de inefável, solto, inacabado. Quem está ao piano é Wolfgang Sawallich, futuro maestro dos grandes. É perfeito. Se Schubert parece sempre cômico e trágico, variando entre esses dois polos com leveza de sátiro, Strauss parece eternamente um erudito. Mesmo em seus momentos sensuais, vários, há a intenção de atingir uma meta. Cerebral portanto. Nada ao acaso, nada por inspiração, tudo com um fim. ----------------- Será que alguém ainda se recorda que a música é educação? E portanto, mais que um prazer, ela é um refinamento?