Primeiro o ethos: uma concierge, feia, de 54 anos, viúva, é considerada uma pessoa banal e anônima pelos outros. Porque a imagem que ela passa, consciente e proposital, é de uma concierge típica. Mas nós sabemos que ela lê muito. E pensa. E vê todos os detalhes de todos que vivem naquele elegante prédio em Paris.
Há também uma menina de 12 anos. Que sente que o mundo não tem lugar para ela. E que escreve um livro sobre coisas em movimento. Porque ela percebe que o movimento é uma das coisas mais belas do mundo.
Muriel Barbery divide os capítulos entre essas duas pessoas. E nós nos encantamos com as duas. O livro fala de Japão, de arte, de Tolstoi, de morte, da solidão, de comida. E nunca cansa, jamais se perde, ele se movimenta. Sim, ele é fofo. Sim, ele é pop. Mas consegue ser um ótimo exemplo de um tipo de literatura popular digna, bela, elevada, estimada. Barbery sabe escrever, e melhor que isso, sabe ver. Os retratos da elite francesa são agudos e simples. Exatos. O retrato do modo como essa elite vê os outros é caricato. E de verdade.
Os dois capítulos finais catapultam o livro para cima e além. O que é raro nos dias de hoje: um livro que sabe onde e como terminar. A moral do texto diz que o único sentido da vida é encontrar coisas e momentos de beleza. Sem isso perdemos toda nossa humanidade.
Quando estou inteiro e me sinto eu-mesmo, é assim que penso. A educação é conseguir perceber a beleza do mundo. Pois a feiura independe de cultura, ela é dominante. É certo que bichos não apreciam o por do sol ou uma onda do mar. É certo que muita gente se esqueceu disso.
Há também uma menina de 12 anos. Que sente que o mundo não tem lugar para ela. E que escreve um livro sobre coisas em movimento. Porque ela percebe que o movimento é uma das coisas mais belas do mundo.
Muriel Barbery divide os capítulos entre essas duas pessoas. E nós nos encantamos com as duas. O livro fala de Japão, de arte, de Tolstoi, de morte, da solidão, de comida. E nunca cansa, jamais se perde, ele se movimenta. Sim, ele é fofo. Sim, ele é pop. Mas consegue ser um ótimo exemplo de um tipo de literatura popular digna, bela, elevada, estimada. Barbery sabe escrever, e melhor que isso, sabe ver. Os retratos da elite francesa são agudos e simples. Exatos. O retrato do modo como essa elite vê os outros é caricato. E de verdade.
Os dois capítulos finais catapultam o livro para cima e além. O que é raro nos dias de hoje: um livro que sabe onde e como terminar. A moral do texto diz que o único sentido da vida é encontrar coisas e momentos de beleza. Sem isso perdemos toda nossa humanidade.
Quando estou inteiro e me sinto eu-mesmo, é assim que penso. A educação é conseguir perceber a beleza do mundo. Pois a feiura independe de cultura, ela é dominante. É certo que bichos não apreciam o por do sol ou uma onda do mar. É certo que muita gente se esqueceu disso.