Wittgenstein diz que se fosse escrever sobre si, teria de descrever todo o seu corpo. Separar as partes que ele controla daquelas que ele não tem controle. Veria então que o controle não se dá sobre seu corpo e veria então que o sujeito não existe. É uma ficção.
Partindo disso, Bruce Duffy, escritor de apenas 2 livros, lançou a mais de 20 anos, esta biografia ficcional sobre o filósofo da Austria. Ele nos confunde. Nunca sabemos o que Duffy inventou e o que aconteceu de fato. Ele diz seguir a vida de Witt, mas ao mesmo tempo ele cria aquilo que poderia ou que deve ter sido. De qualquer modo, é um livro que olha a vida, talvez, como Witt a olharia. Como dúvida, como coisa inalcançável.
Wittgenstein morreu em 1951. E no último ano diz ter sido feliz. E que sua vida foi maravilhosa. Ele jogou a dúvida dentro da lógica e fez assim com que ela nunca mais fosse a mesma. A linguagem era seu ponto de apoio. Um fato: Por que a lingua pode falar frases totalmente lógicas, e mesmo assim absurdas, ou falsas... O rei da França gosta de falar. É uma frase lógica, correta. Mas absurda, pois não há rei na França. A questão é, a lingua pode ser usada para afirmar com lógica coisas absurdas e aparentemente reais. Como isso se dá e por que a lingua se presta a isso...
Ele sabia que só podemos entender uma coisa se nos colocarmos fora dessa coisa. Por isso jamais entenderemos a vida. E nunca conhecemos nosso eu. Olhamos para nós mesmos, mas olhamos com nós mesmos e de dentro de nós mesmos. Logicamente que nossa visão será falsa. E o outro, preso dentro de seu eu nada pode ver do nosso eu.
Witt gostava de desenhos Disney, musicais, faroestes, toda a bobagem da baixa cultura. E ao mesmo tempo sabia que após a guerra, as duas, a alta cultura se perdera. Nunca mais as pessoas conseguiriam amar a música como sua família a amava. Witt percebeu que a concentração das pessoas se perdera no ruído da guerra, no medo do fim. Ele também viu que a bomba atômica era uma forma de paz.
Conheceu os EUA no fim da vida e gostou do que viu. Na verdade ele odiava Cambridge. Amava as pessoas simples, a fala básica, fazer coisas com as mãos. Ou não. A marca de Witt era negar hoje tudo que fora dito ontem. O pensamento era coisa em mudança. Sempre.
Sua religiosidade o fez perder muitos seguidores. Ele via Deus como um ser irracional. Tão irracional como nós somos. Por isso a razão não pode o entender. A lingua não pode o descrever. Em nós há uma coisa que é eterna. Mas não é o eu, pois ele não existe, é construído artificialmente. Com a linguagem, seus tijolos.
Duro, Difícil. Belo.
Partindo disso, Bruce Duffy, escritor de apenas 2 livros, lançou a mais de 20 anos, esta biografia ficcional sobre o filósofo da Austria. Ele nos confunde. Nunca sabemos o que Duffy inventou e o que aconteceu de fato. Ele diz seguir a vida de Witt, mas ao mesmo tempo ele cria aquilo que poderia ou que deve ter sido. De qualquer modo, é um livro que olha a vida, talvez, como Witt a olharia. Como dúvida, como coisa inalcançável.
Wittgenstein morreu em 1951. E no último ano diz ter sido feliz. E que sua vida foi maravilhosa. Ele jogou a dúvida dentro da lógica e fez assim com que ela nunca mais fosse a mesma. A linguagem era seu ponto de apoio. Um fato: Por que a lingua pode falar frases totalmente lógicas, e mesmo assim absurdas, ou falsas... O rei da França gosta de falar. É uma frase lógica, correta. Mas absurda, pois não há rei na França. A questão é, a lingua pode ser usada para afirmar com lógica coisas absurdas e aparentemente reais. Como isso se dá e por que a lingua se presta a isso...
Ele sabia que só podemos entender uma coisa se nos colocarmos fora dessa coisa. Por isso jamais entenderemos a vida. E nunca conhecemos nosso eu. Olhamos para nós mesmos, mas olhamos com nós mesmos e de dentro de nós mesmos. Logicamente que nossa visão será falsa. E o outro, preso dentro de seu eu nada pode ver do nosso eu.
Witt gostava de desenhos Disney, musicais, faroestes, toda a bobagem da baixa cultura. E ao mesmo tempo sabia que após a guerra, as duas, a alta cultura se perdera. Nunca mais as pessoas conseguiriam amar a música como sua família a amava. Witt percebeu que a concentração das pessoas se perdera no ruído da guerra, no medo do fim. Ele também viu que a bomba atômica era uma forma de paz.
Conheceu os EUA no fim da vida e gostou do que viu. Na verdade ele odiava Cambridge. Amava as pessoas simples, a fala básica, fazer coisas com as mãos. Ou não. A marca de Witt era negar hoje tudo que fora dito ontem. O pensamento era coisa em mudança. Sempre.
Sua religiosidade o fez perder muitos seguidores. Ele via Deus como um ser irracional. Tão irracional como nós somos. Por isso a razão não pode o entender. A lingua não pode o descrever. Em nós há uma coisa que é eterna. Mas não é o eu, pois ele não existe, é construído artificialmente. Com a linguagem, seus tijolos.
Duro, Difícil. Belo.