MIKE NICHOLS E WHITNEY HOUSTON

    Mike Nichols nos deu algumas das melhores direções de ator da história. E ele só não foi maior porque seu grande interesse não era nem cinema e nem teatro, era essa coisa chamada mulher. Mike foi um Dom Juan. Surgiu na Broadway como um jovem genial e arrogante. Logo foi para o cinema. Virginia Woolf tem alguns dos maiores desempenhos que já vi. Quem não testemunhou o milagre de ira que Elizabeth Taylor nos dá não sabe o que é uma grande atriz. Richard Burton tem seu melhor desempenho nas telas. Uma magia de ódio e de ressentimento sob falso controle. Depois Mike veio com A Primeira Noite de Um Homem, um filme NOVO em seu tempo, e que hoje ainda sobrevive como delicia de invenção e de homenagem à vida. Dustin Hoffman teve a sorte de estar nele. Depois Mike perdeu o interesse. Ficou rico, caiu na gandaia. Catch 22 foi um filme caro e flopou nas bilheterias. É um filme muito interessante. E bem doido. O brilho de Mike surgiu em algumas ocasiões, mas ele deixou de ser central. Sua morte não deixa um vazio porque ele já desocupara seu trono desde os anos 70. Repito as palavra de Forastieri: que o céu o receba com um dry martini. E uma coelhinha da Playboy. 
   Whitney, ao contrário de Mike que deixou um legado que faz o cinema crescer, Miss Houston destruiu a canção romântica americana. Com ela nasce a praga de se confundir cantar bem com exibir trinados e volteios vocais. A música das cantoras, mas também dos cantores, a partir de Whitney se torna fria, profissionalmente vazia. Os brilhos verdadeiros, fraseado, alcance, modulação e principalmente interpretação, passam a ser jogados no lixo. Importa muito mais um grito longo e afinado que a acariciante voz quente e complexa, pessoal de um Otis ou de Marvin. Repare: TODAS as vozes passam a soar iguais. Todas são Whitney.