Uma vez um cara que respeito muito escreveu que The Who define quem gosta de rock pelos motivos certos. Gente que gosta da banda de Daltrey e Pete sabe, instintivamente, o que significa rock. Existem fãs de Beatles, Bowie ou Radiohead que nada sabem da coisa. Mais que isso, podem ter uma visão deturpada do que seja rock. Não sei se o Who é tão definidor. Pela minha experiência acho que a prova dos nove está no rock de garagem.
Este filme é o equivalente ao rock de garagem em cinema. Explico ( precisa? ).
Ele não é teatro. Não corre atrás de frases marcantes e não dá aos atores momentos preparados para seus egos. Este filme não é pintura. Nada tem de belo, de composto, de sublime. Também nada tem de literatura. O enredo nunca se faz de esperto, complicado, original a todo custo. Então o que é este filme?
Vamos adiante: Ele nada tem de informativo. Nada se fala de relevante em termos de história, sociologia ou politica. Não tem cenas em hospitais, escolas ou campos de refugiados. Ninguém é doce e frágil, nem tem gente que desperte nossa pena. O que ele é?
CINEMA PORRA!
Scorsese, com um tesão que jovens diretores desta geração fofa não têm, pega a câmera e filma. E o que vemos são corpos, rostos, atos, movimentos, lutas, tudo com a força e a febre daquele que fez ( 24 anos atrás!!! ) Goodfellas. Se eu quiser posso ver no filme o retrato da América que nasceu nos anos 80 e que vive bem e forte até hoje. Mas o coração do filme não é esse, o filme é sobre um velho de 70 anos e sua vibrante alegria de filmar. É um filme, ALELUIA!. feliz pra caralho! Porque ele sabe que fazer um filme é um prazer e uma honra. ( E quantos filmes voce tem visto que parecem um castigo que o elenco e o diretor pagam? ).
Muita gente detestou o filme. Porque ele não tem história. Não percebem que ele não precisa de história. Ele é movimento. Apenas isso. E nos dá o prazer de o assistir. Nós rimos com ele, ficamos estupefatos com ele, nos surpreendemos, nos enervamos e ficamos excitados. Mas não nos aborrecemos. E além de tudo se trata de um filme viril. É um filme para homens. Seu mundo é o mesmo dos velhos westerns.
Leonardo segue os passos de Al Pacino e de Paul Newman, quando vai levar seu Oscar? Tenho certeza que nossos filhos vão dizer um dia:: Quê???? Ele perdeu o prêmio em 2014??????? A atuação dele é estupenda. Há um momento, entre vários, em que ele faz uma cara de bulldog, a mandíbula projetada, que é coisa de gênio. É o melhor ator da América. O que mais ele tem de fazer? Perder 20 quilos? ( Aliás o filme tem dois vencedores, Mathew, ótimo, e Jean Dujardim, excelente ).
Scorsese quase foi padre. Seus melhores filmes falam sempre de pecado, condenação e ressurreição. O que desconcerta aqui, e deixou tantos moralistas bravinhos, é que o castigo é leve. A droga e o sexo parecem divertidos. Não há uma razão doentia ou sofrida para as drogas. Eles detonam porque é bom, dá prazer, e é só. Isso hoje é inaceitável num filme.
Ao final vejo que a edição é de Thelma Schoonmaker, a editora de Martin desde 1977, a mulher que conheceu Michael Powell via Martin e se casou com o mestre que fez The Red Shoes. E vejo que os figurinos são de Sandy Powell, que também está sempre com ele e fez filmes com Kubrick. A trilha sonora, que vai de Bo Diddley até Cypress Hill, é de responsabilidade de Robbie Robertson, o guitarrista gênio de The Band, outro velho amigo de Scorsese. Martin pega essa turma e faz com que trabalhem como um time. A coisa rola, rola como rola desde Main Streets ( lembrei muito dele vendo este filme ), rola em velocidade, em clima de sonho, de paranóia, de barato, de ressaca. E tudo se encaixa. O menino Martin que diz ter visto filmes todo dia desde os 9 anos, que diz ter sonhado acordado no clima onírico dos filmes que mais o marcaram, agora, do alto de sua filmografia, ainda consegue tocar a mão e lembrar daquele moleque do Bronx e olhar através do visor com a mesma fé, força e paixão de quando ele ia com o pai assistir De Sica, Powell e Welles nos cinemas de veludo.
É um puta de um filmaço!
Este filme é o equivalente ao rock de garagem em cinema. Explico ( precisa? ).
Ele não é teatro. Não corre atrás de frases marcantes e não dá aos atores momentos preparados para seus egos. Este filme não é pintura. Nada tem de belo, de composto, de sublime. Também nada tem de literatura. O enredo nunca se faz de esperto, complicado, original a todo custo. Então o que é este filme?
Vamos adiante: Ele nada tem de informativo. Nada se fala de relevante em termos de história, sociologia ou politica. Não tem cenas em hospitais, escolas ou campos de refugiados. Ninguém é doce e frágil, nem tem gente que desperte nossa pena. O que ele é?
CINEMA PORRA!
Scorsese, com um tesão que jovens diretores desta geração fofa não têm, pega a câmera e filma. E o que vemos são corpos, rostos, atos, movimentos, lutas, tudo com a força e a febre daquele que fez ( 24 anos atrás!!! ) Goodfellas. Se eu quiser posso ver no filme o retrato da América que nasceu nos anos 80 e que vive bem e forte até hoje. Mas o coração do filme não é esse, o filme é sobre um velho de 70 anos e sua vibrante alegria de filmar. É um filme, ALELUIA!. feliz pra caralho! Porque ele sabe que fazer um filme é um prazer e uma honra. ( E quantos filmes voce tem visto que parecem um castigo que o elenco e o diretor pagam? ).
Muita gente detestou o filme. Porque ele não tem história. Não percebem que ele não precisa de história. Ele é movimento. Apenas isso. E nos dá o prazer de o assistir. Nós rimos com ele, ficamos estupefatos com ele, nos surpreendemos, nos enervamos e ficamos excitados. Mas não nos aborrecemos. E além de tudo se trata de um filme viril. É um filme para homens. Seu mundo é o mesmo dos velhos westerns.
Leonardo segue os passos de Al Pacino e de Paul Newman, quando vai levar seu Oscar? Tenho certeza que nossos filhos vão dizer um dia:: Quê???? Ele perdeu o prêmio em 2014??????? A atuação dele é estupenda. Há um momento, entre vários, em que ele faz uma cara de bulldog, a mandíbula projetada, que é coisa de gênio. É o melhor ator da América. O que mais ele tem de fazer? Perder 20 quilos? ( Aliás o filme tem dois vencedores, Mathew, ótimo, e Jean Dujardim, excelente ).
Scorsese quase foi padre. Seus melhores filmes falam sempre de pecado, condenação e ressurreição. O que desconcerta aqui, e deixou tantos moralistas bravinhos, é que o castigo é leve. A droga e o sexo parecem divertidos. Não há uma razão doentia ou sofrida para as drogas. Eles detonam porque é bom, dá prazer, e é só. Isso hoje é inaceitável num filme.
Ao final vejo que a edição é de Thelma Schoonmaker, a editora de Martin desde 1977, a mulher que conheceu Michael Powell via Martin e se casou com o mestre que fez The Red Shoes. E vejo que os figurinos são de Sandy Powell, que também está sempre com ele e fez filmes com Kubrick. A trilha sonora, que vai de Bo Diddley até Cypress Hill, é de responsabilidade de Robbie Robertson, o guitarrista gênio de The Band, outro velho amigo de Scorsese. Martin pega essa turma e faz com que trabalhem como um time. A coisa rola, rola como rola desde Main Streets ( lembrei muito dele vendo este filme ), rola em velocidade, em clima de sonho, de paranóia, de barato, de ressaca. E tudo se encaixa. O menino Martin que diz ter visto filmes todo dia desde os 9 anos, que diz ter sonhado acordado no clima onírico dos filmes que mais o marcaram, agora, do alto de sua filmografia, ainda consegue tocar a mão e lembrar daquele moleque do Bronx e olhar através do visor com a mesma fé, força e paixão de quando ele ia com o pai assistir De Sica, Powell e Welles nos cinemas de veludo.
É um puta de um filmaço!