LONGE DESTE INSENSATO MUNDO- JOHN SCHLESINGER...E JULIE, ALAN, TERENCE, PETER, NICK...

  Deve ter sido interessante. Os bastidores deste filme, de 1967, tiveram as presenças da agitada Julie Christie, que era então a grande nova estrela do cinema inglês, recém vinda de Dr. Jivago, Terence Stamp, símbolo sexual e participante ativo da cena swinging London, Peter Finch, grande ator e homem atormentado, o diretor John Schlesinger, mais interessante cineasta jovem e que faria na sequência Perdidos na Noite. Ainda temos Alan Bates, meu ator favorito da época. O diretor conseguiu administrar tantos egos e ainda entregar ao público um grande filme. Que foi perseguido pela crítica de então. Why?
  Schlesinger vinha de filmes ousados em termos de tema e de técnica. Aqui ele faz um filme mais clássico, ao estilo Carol Reed, isso deixou críticos perplexos. Um tipo de preconceito que se repete até hoje. O diretor jovem faz um filme que homenageia seus mestres e críticos acham que isso é uma traição. Pff...
  Thomas Hardy escreveu o livro em que o filme se baseia. Fala de uma bela viúva que tenta administrar sua fazenda. Enfrenta o clima, a doença que ataca as ovelhas, desastres. É ajudada por um ingênuo agricultor, papel de Alan Bates. Ele rouba o filme. O simples e eficiente trabalhador que ele faz traz em si toda a mensagem do filme. Ele se sente traído várias vezes, mas é persistente, trabalha pela viúva e fica firme em seu propósito. Terence Stamp faz um vaidoso soldado. Ele aparece no lugar e fácilmente seduz a viúva. Seu modo é todo sexualizado. Mas ela descobre que ele a trai e em sua cena final descobrimos sua humanidade. Ele carrega o corpo de sua amante e depois se entrega a morte. Stamp era um grande ator que se deixou destruir pela fama. Hoje, após longo tempo, é conhecido outra vez por pequenos papéis exóticos. 
  Peter Finch faz um rico dono de terras, mais velho e um grande chato, que se casa com a viúva. Logo descobre que ela não o ama e humilhado se mata. Com toda essa melodramaticidade, Finch mantém a fleuma, frio, ele decai. Uma cena belíssima.
  A fotografia do filme, de Nicholas Roeg, é das mais belas do cinema. Longos campos, sol e névoa. verdes intensos. E temos a trilha sonora estupenda. Inclusive com uma soberba canção folk interpretada em cena de sonho.
  Por fim Julie Christie, nunca mais tão bela. Leva o filme nas mãos. Uma estrela que nunca ligou para o estrelato e que abriu mão dessa posição alegremente.
  Um grande filme. O final é inesquecível.