PRESTON STURGES/ VICTOR FLEMING/ JOHN TRAVOLTA/ JERRY LEWIS/ GENE TIERNEY/ HENRY JAMES

   MARUJO INTRÉPIDO de Victor Fleming com Freddie Bartholomew, Spencer Tracy, Lionel Barrymore, Melvyn Douglas e Mickey Rooney
Se voce não conhece o cinema americano dos anos 30 e deseja saber porque ele é tão valorizado, comece por este filme. Baseado em obra de Kipling, conta a saga de um menino mimado, egoísta, milionário, que ao ser resgatado no mar por pescador de bacalhau, aprende a viver e a ser parte de uma equipe. O filme tem cenas documentais da pesca em mares frios que são fantásticas. A procução tem o luxo da Metro e a direção é de Fleming, o diretor que fez E O Vento Levou e OMágico de Oz, só isso. O elenco chega a ser covardia. Tracy, como o pescador Manuel, levou  o Oscar, mas todos os atores são o máximo dos máximos. O segredo desse tipo de cinema é aqui explicitado: cinema sem vergonha de ser Pop, mas esse Pop é feito com gosto, baseado em roteiro e estrelas. O modo econômico e direto com que se narra o roteiro é uma aula de direção e de produção. È um filme perfeito. Nota DEZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
   PELOS OLHOS DE MAISIE de McGehe e Slegel com Julianne Moore, Steve Coogan, Alexander Skarsgard e Onata Aprile
Livremente baseado em Henry James ( é seu livro mais seco e cruel ), o filme fala de uma menina jogada ao sabor das emoções de sua familia. A mãe é uma rockeira cheia de dinheiro que vive em meio a histeria e carência. O pai é um hedonista egoísta. O filme se põe no ponto de vista da menina. Vemos sua solidão e meio a casa imensa mas desleixada, os pais ocupados em serem felizes e o desarranjo geral. É um bom filme? Não. Tudo isso é temperado com musicas fofinhas, cenas infantilóides e uma sensibilidade gracinha que é irritante. Retrato de nosso tempo, é sintoma daquilo que denuncia, um mundo onde todos estão largados e perdidos em meio a prazeres sem valor. Nota 2.
   NATAL EM JULHO de Preston Sturges com Dick Powell e Ellen Drew
Segundo filme de Sturges, dura apenas 62 minutos. Mas que bons minutos! Um cara concorre num concurso de slogans. Colegas lhe pregam uma peça, mandam aviso dizendo que ele venceu. O trouxa passa a gastar o dinheiro que não tem. O roteiro de Sturges não poupa ninguém, todos são idiotas, e humanos. Na época, 1940, não se deixava um roteirista dirigir, Preston Sturges quebrou essa regra, abriu o caminho para Wilder e Huston. Finalmente recebendo hoje o valor que lhe é devido, ele foi um mestre da comédia. O filme tem um final tão bem preparado que é impossível não rir. Nota DEZ.
   BORN FREE de James Hill com Virginia McKenna e Bill Travers
A trilha do gênio John Barry levou Oscar. Não há quem não a conheça. O filme mostra um casal na África criando um filhote de leão, uma leoa. Nada de gracinhas, em 1966 animais ainda eram filmados como bichos e não como bebês. O filme, cheio de falhas, tem ainda encanto. Nota 6.
   TEMPORADA DE CAÇA de Mark Steven Johnson com Robert de Niro e John Travolta
Os primeiros vinte minutos prometem um bom filme. De Niro vive isolado no campo, vemos seu cotidiano. Um tipo de Jheremiah Johnson. Mas como o filme é de 2013, logo surge o super-mal, na figura de Travolta, um sérvio que deseja se vingar do ex-soldado De Niro. Travolta vai ao campo e começa a ação. O filme passa a exibir cena sobre cena de torturas, sangue, sadismo e exageros. Porque? Porque esta é a cultura do sensacional, e também porque estamos sendo educados a tolerar a violência. De Niro está ok, Travolta está ridiculo. Usa um sotaque hilário, maquiagem pesada, tudo errado. Adoro Travolta quando ele é apenas Travolta, um tipo, como Willis ou Gibson. Quando tenta atuar vem o desastre. O filme é pior que lixo, é mal intencionado. Nota ZERO.
   ALLOSANFAN de Paolo e Vittório Taviani com Marcello Mastroianni e Lea Massari
Um homem no tempo imediatamente pós revolução francesa. Ele é um tipo de ex-terrorista. Tenta voltar a ser um homem tranquilo de familia, mas o passado o persegue e lhe cobra ação. Começa muito bem e Marcello é sempre ótimo, mas os Taviani se perdem do meio para o final. Bela fotografia. Nota 5.
   VELOZES E FURIOSOS 6 de Justin Lin com Vin Diesel, Michelle Rodriguez e Paul Walker
Gostei do primeiro e do terceiro. O quinto foi um lixo, este é ainda pior. Tentam fazer drama, tentam dar alguma profundidade ao que era apenas diversão sem peso. Erram. O roteiro é cheio de furos, voce tem de aceitar decisões sempre erradas. Posso dizer que é uma porcaria de filme. Diesel começa a envelhecer e ao contrário de Willis, envelhece mal. Nota ZERO.
   A FARRA DOS MALANDROS de Norman Taurog com Jerry Lewis, Dean Martin e Janet Leigh
Ruy Castro diz que em 1956, para sua geração, a separação da dupla Martin e Lewis foi tão doída quanto seria a separação Lennon e MacCartney em 1969. Eles foram os ídolos top dos teens de então. Essa popularidade é atestada, hoje se fazem filmes na TV sobre a dupla. E quando fui um teen, nos anos 70, Jerry Lewis ainda era uma hiper-estrela, um Will Smith exagerado. Seu estilo é puro Jim Carrey, mas um Carrey ainda mais infantil. Martin era o rei do cool, sempre calmo e paquerador. Envelheceu melhor. Este filme não é bom. Jerry finge estar contaminado por radiação e é mimado pela imprensa. Nota 3.
   THE GEISHA BOY de Frank Tashlin com Jerry Lewis
Porque Jerry não ousou crescer? Ele era tão bom, inventivo, mas sempre insistiu em não sair dos 12 anos. E essa mania de agradar, de imitar o pior de Chaplin, a melança... Este tem seus momentos, mas quando ele começa a tentar nos comover...socorro! Nota 4.
   ELA QUERIA RIQUEZAS de Rouben Mamoulian com Gene Tierney e Henry Fonda
Às vezes me perguntam: Qual a atriz mais bonita do cinema? Respondo, Grace Kelly. Mas falo isso porque esqueço de Gene Tierney. Ela foi a mais linda e aqui está divina, mais simples e menos fria. Não é um grande filme apesar dos nomes envolvidos. Na verdade ninguém queria fazer esta obra farsesca. Gene dá golpes em namorados ricos, Fonda não é rico, o resto é facil de prever. Mamoulian fez filmes deliciosos, não é este o caso. Fonda está distante, este filme fez com que ele começasse a desistir do cinema. Sobra Gene, que parece se divertir. Nota 4.
   O CAPANGA DE HITLER de Douglas Sirk
Muito pobre, é um dos primeiros filmes americanos de Sirk. Sem Nota.