Foram meses estranhos. Muito estranhos. Logo na primeira aula eu já avisei a professora: Falar do movimento romântico era doloroso para mim. E eu preferia não ter de revisita-lo. Mas revisitei. E doeu.
Estranha figura essa mestra. Eu a detesto. Porque ela é radicalmente contra toda forma de religião. É radicalmente de esquerda. E ultra-feminista. Mas também a admiro. Porque ela é romântica. Fala da maior revolução mental que o planeta viveu, a de 1780/ 1790, época do nascimento da coisa, pela primeira vez a razão é colocada em xeque, pela primeira vez cada homem se sente no direito de pensar por si-mesmo. Nasce o individualismo, a criatividade é colocada como dom soberano. Pela primeira vez a solidão não é vista como danação e vergonha, mas como privilégio e desejo.
Rousseau anda em seu bosque e sente o que é Bom. Wordsworth anda pelos lagos ingleses e encontra o céu. Junto aos lagos Wordsworth se livra do peso da vida e reencontra sua infância. Vê sem julgar, observa como se nunca tivesse visto. Livre.
Mas nas aulas o que temos é Alvares de Azevedo...o mito da mulher pura e inacessível, as loucuras nos cemitérios, as putas. Ah meu Deus, como dói lembrar!!!
Porque eu fui um dos idiotas! Fui o tonto da familia, que andava no sitio, aos 18 anos, sózinho, botas na lama, tentando respirar de novo o ar dos meus livres 8 anos de idade. Fui o romântico ao extremo, que ficava doente na cama, com febre, e lia Hugo e Bronte sonhando com suas meninas pálidas e doentias, chorosas alucinações. Madrugadas solitárias e insones, a luz de velas, me sentindo o único romântico sobre a Terra. Eu disse que fui esse idiota!
Conseguia esquecer o mundo e viver só para mim. Conseguia ignorar minha familia. Sonhar todo o tempo. Então eu sei o que foi esse romantismo. Conheço o prazer inenarrável do sofrimento procurado. Meu sangue sabe do sabor doce do êxtase do alivio. Nada nessas aulas são coisas novas para mim. Eu já sabia que a infância funda e cria a poesia. E que saber brincar é saber criar.
Todos esses nomes me são conhecidos! Essas sensações provocadas me são passadas. Eu sei que a arte é a grande fonte de alivio. Um alivio de sacrificio. Já fui o inimigo.
E se passaram esses quatro meses. Essas 32 aulas. Essas 96 horas.
Adeus mestra, adeus romantismo, adeus lago, adeus criação.
Ou não?
Estranha figura essa mestra. Eu a detesto. Porque ela é radicalmente contra toda forma de religião. É radicalmente de esquerda. E ultra-feminista. Mas também a admiro. Porque ela é romântica. Fala da maior revolução mental que o planeta viveu, a de 1780/ 1790, época do nascimento da coisa, pela primeira vez a razão é colocada em xeque, pela primeira vez cada homem se sente no direito de pensar por si-mesmo. Nasce o individualismo, a criatividade é colocada como dom soberano. Pela primeira vez a solidão não é vista como danação e vergonha, mas como privilégio e desejo.
Rousseau anda em seu bosque e sente o que é Bom. Wordsworth anda pelos lagos ingleses e encontra o céu. Junto aos lagos Wordsworth se livra do peso da vida e reencontra sua infância. Vê sem julgar, observa como se nunca tivesse visto. Livre.
Mas nas aulas o que temos é Alvares de Azevedo...o mito da mulher pura e inacessível, as loucuras nos cemitérios, as putas. Ah meu Deus, como dói lembrar!!!
Porque eu fui um dos idiotas! Fui o tonto da familia, que andava no sitio, aos 18 anos, sózinho, botas na lama, tentando respirar de novo o ar dos meus livres 8 anos de idade. Fui o romântico ao extremo, que ficava doente na cama, com febre, e lia Hugo e Bronte sonhando com suas meninas pálidas e doentias, chorosas alucinações. Madrugadas solitárias e insones, a luz de velas, me sentindo o único romântico sobre a Terra. Eu disse que fui esse idiota!
Conseguia esquecer o mundo e viver só para mim. Conseguia ignorar minha familia. Sonhar todo o tempo. Então eu sei o que foi esse romantismo. Conheço o prazer inenarrável do sofrimento procurado. Meu sangue sabe do sabor doce do êxtase do alivio. Nada nessas aulas são coisas novas para mim. Eu já sabia que a infância funda e cria a poesia. E que saber brincar é saber criar.
Todos esses nomes me são conhecidos! Essas sensações provocadas me são passadas. Eu sei que a arte é a grande fonte de alivio. Um alivio de sacrificio. Já fui o inimigo.
E se passaram esses quatro meses. Essas 32 aulas. Essas 96 horas.
Adeus mestra, adeus romantismo, adeus lago, adeus criação.
Ou não?