GINGER ROGERS/ JAMES WHALE/ OTTO PREMINGER/ RIO/ XAVIER BEAUVOIS

MÃE POR ACASO de Garson Kanin com Ginger Rogers e David Niven


Como ator coadjuvante Niven é excelente, mas não se segura como ator romântico central. Ginger está esperta e sexy como sempre, mas Niven não lhe faz contraponto adequado, além do que, Garson Kanin sempre foi bom escritor, mas nunca bom diretor. Um filme que tinha tudo para brilhar, decepciona. Nota 4.


HOMENS E DEUSES de Xavier Beauvois com Lambert Wilson e Michel Lonsdale


Primeiro uma explicação: eu não escrevo sobre os filmes que desejo escrever aleatoriamente. Escrevo sobre os filmes que assisti naquele período. Portanto, são estes os filmes que vi nos últimos dez dias. Este é um filme que irritará os preconceituosos ( parece ser o caso da Veja, que o taxou de anti-islã ). Bobagem! É apenas um filme que admira a fé e a coragem de religiosos católicos que não abandonam região islâmica onde correm perigo. A França tem essa tradição: é país de imenso ateísmo e ao mesmo tempo é berço do catolicismo mais puro. Beauvois e Bruno Dumont tentam ser os Bresson/ Rhomer de agora. Não conseguem. Digamos que este é um filme simples. E bastante sincero, portanto, corajoso. Só isso. Nota 5.


O RETORNO DE TOPPER de Roy del Ruth com Roland Young, Joan Blondell e Carole Landis


Moça é assassinada e seu fantasma é ajudado por Topper, o senhor simpático e simplório que consegue ver as almas do além. Comédia dos anos 30: ou seja, sem medo de ser feliz. É a terceira continuação do sucesso de 1937. Longe de ser tão divertida quanto a original, mesmo assim é um passatempo agradável. Nota 6.


THE OLD DARK HOUSE de James Whale com Melvyn Douglas, Charles Laughton, Boris Karloff, Gloria Stuart


Que grande diretor era Whale!!!! Para quem não se lembra, é ele o assunto de Deuses e Monstros, o belo filme de Bill Condon. Homossexual assumido e nada discreto, foi ele o criador do Frankenstein original. Aqui ele conta a história de grupo de viajantes que se abriga em casa misteriosa. Lá vivem um senhor misterioso ( e obviamente gay ) uma velhinha hilária e tétrica ( um personagem genial ) e trancafiado num porão um louco piromaníaco ( outra criação genial ). O filme é assustador e ao mesmo tempo é assumidamente hilário. Whale subverte tudo, seu cinema estava antecipando os anos 70. Lembra De Palma e lembra Mel Brooks. Gloria Stuart está sempre em negligé branco, longa, magra e sexy, e Laughton faz um balofo e alegre jovem playboy. O filme, todo feito em casa escura, suja e úmida, é soturno e ao mesmo tempo animado, vivo, alegre, pleno em criação. Para amantes de cinema é uma festa. Nota 9.


A CASA DOS MAUS ESPÍRITOS de William Castle com Vincent Price


Castle era o picareta rei dos drive-in ( cinemas para ver filmes dentro do carro ). Isto é uma bobagem sem clima, sobre festa em casa assustadora. Foi refilmado em 2000. Uma chatice. Zero.


O GATO PRETO de Edgard G. Ulmer com Bela Lugosi e Boris Karloff


Em termos de cortes e angulos de filmagem é de absoluta modernidade. Ulmer, recém vindo da Alemanha, traz o tipo de cinema de Lang e Murnau consigo. Décors cheios de arquitetura modernista ( à Bauhaus ) e figurinos futuristas. Mas há tanto exibicionismo aqui, o clima é tão opressivo ( Nazi ) que assistir a este filme é um quase sacrificio. Nota 1.


CZARINA de Otto Preminger com Tallulah Bankhead, Anne Baxter e Charles Coburn


Lubistch produziu e não dirigiu. Uma pena. Com Lubistch o filme ( sobre a sedução que Catarina, a Grande, da Russia, impõe a tolo soldado patriota ) seria leve e borbulhante. Com Preminger ele é travado. Os primeiros minutos prometem um filme delicoso, graças a excelencia dos diálogos, mas ele emperra nas cenas de sedução. O jovem soldado é feito por ator inexpressivo e chega a dar raiva sua falta de tato. Tallulah, mito do teatro americano, está ok. Preminger foi excelente em policiais e em dramas de denúncia, em comédia lhe falta convicção. Nota 4.


RIO de Carlos Saldanha


Longe da poesia sublime de Wall.e ou da riquesa de Ratatouille, este é mais um bom desenho desta era de bons desenhos. Ter preconceito contra cartoons hoje é não querer ver o óbvio: eles são mais sérios que 99.99999% dos filmes pseudo adultos. Falam do que importa e não têm medo de tentar. São pop e são sinceros. Em 2100, se alguém ainda estudar cinema, os anos 2000 serão lembrados como era de desenhos. Divirta-se!!!!! Nota 7.