J J CALE

JJ surgiu do nada e já meio velhaco. Nunca foi hippie. E penso que nem mesmo rocker. Sempre foi um tipo de cowboy. Todas as suas canções têm cheiro de estrada. TODAS. Mas é uma estrada diferente. Não é a rota 66. É o litoral da Florida, palmeiras e ritmos que às vezes são caribenhos. Mas é um cowboy. Sujo. E sua voz confirma isso. Canta rouco, não é nunca simpático. Não é nunca alegrinho. É sempre sério. E sem choro nem vela.
Nada de rockstar. Não pense em poeta-dylan-cohen-simon-young. Não. Nada disso. JJ é prosa. É Twain. Poe às vezes. Eu adoro JJ e quero ser um dia JJ. Lembro de ouvir JJ em 1985. Onde hoje tem uma praça tinha barracos e campos de futebol. E naquele tempo eu me dilacerava de amor e de desejo e de sexo e de coisas químicas. E JJ era um alivio, um bálsamo. Ele interrompia minha dor e minha doideira. Sem fazer de mim um cara frio ou angelical. Ele me fazia homem. Não tem som mais de homem que o de JJ.
JJ é anti frescura.