Será que se de nosso tempo restassem para o futuro apenas as pinturas de Picasso, as pessoas do ano 3000 pensariam que em 2014 todos se vestiam, se pintavam e eram como as caras e corpos das obras do espanhol ? E mais sinistro seria se elas imaginassem que os restos da Torre Eiffel tivessem um simbolismo além daquilo que ela é, simples beleza e exibição de riqueza. Porque imaginar que as pinturas numa caverna pré-histórica sejam mais que aquilo que são: belos desenhos. Talvez uma brincadeira, desenhos feitos para matar o tempo, embelezamento, arte pura e simples.
Olhamos os rostos das pinturas egipcias e achamos que eles tinham as caras que estão lá representadas. Porque? Aquilo é representação, ou alguém em 2014 tem a cara do Wolverine? A questão é, o que sabemos sobre os homens do passado? Quase nada.
E o melhor, segundo Chesterton, seria pensar neles como aquilo que são com certeza, Humanos. Desde sempre humanos, como eu e como voce.
Então vamos parar com essa tolice de imaginar que o homem que criou a roda era um quase-fera que grunhia e criava sem querer. Ele era um homem que pensava. Curioso, pegava coisas e as experimentava. Pesquisava. Tentava. Era, como nós, um criador. E ria. Se divertia. Tinha humor.
Tendemos a sempre pensar no passado com seriedade. Pois bem, se os homens do passado eram mais infantis eles então brincavam mais. E se fossem como nós, e eram, tinham senso de humor. Pois não pensem que os gregos cultuavam Hera ou Apolo como nós cultuamos Deus ou Allah. Eles tinham religião, eles tinham mito, mas não igreja. Os deuses eram mitos. Histórias que eles sabiam ser fantásticas e que os divertiam. Eles as criavam ao bel prazer. E tinham religião, coisas mais sagradas, sérias, e que nome não tinham. Estranho observar que subjacente às doidas lendas de Zeus, existem os ritos muito mais sérios de fertilidade, de sacrifício e de morte. Religião, a tentativa bem sucedida de transformar matéria. Mas não havia igreja. A Grécia era uma confusão de deuses, ritos, festas e tradições.
Os gregos eram organizados em politica, no estado, mas eram anarquistas em casa.
Interessante o que Chesterton percebe: povos que são apegados a familia costumam ter um estado anárquico e povos pouco apegados a familia criam estados fortes. Pois ao contrário de Atenas, Roma era anárquica. Governos caíam, senadores eram mortos e mesmo assim ela crescia. Porque romanos amavam sua terra. Amavam sua familia e amavam os deuses do lar. Se eles importaram Jupiter e Vênus, eram os secretos deuses do lar que os emocionavam. Esse trecho do livro é belíssimo.
Chesterton se divertiria muito com as bobagens escritas sobre as guerras entre Israel e árabes. O inglês dá risadas para o marxismo. Ele diz que razões econômicas existem em qualquer guerra, mas NUNCA são a razão principal. O que leva um soldado à guerra não é o soldo, o que leva um líder a declarar guerra não é uma mina de ouro. ( Isso tudo vem junto mas não é o que traz a guerra ), a batalha se faz quando uma nação encontra diante de si uma outra nação que a nega, que ameaça tudo aquilo em que ela crê, que ameaça sua certeza histórica e que traz assim o perigo da destruição de seu lar. Um soldado luta por sua casa, por aquilo que ele entende ser seu lar. Um país luta por destruir sua antítese, seu oposto. Os americanos podem lutar pelo petróleo do Iraque, mas acima de tudo lutam contra um mundo que lhes é horroroso, um modo de pensar que nega tudo em que eles acreditam. Lutam para sobreviver. Para poder continuar a crer em si-mesmo.
Como aconteceu com Roma. Os romanos tinham de aniquilar Cartago pelo fato de que Cartago matava crianças em sacrifício, comungavam com forças místicas que negavam tudo o que Roma professava e odiavam o modo familiar de Roma. Roma venceu. E o mundo nunca mais foi o mesmo.
Chesterton diz que é hora de parar com a mania científica. Um cientista explicando um totem ou um mito é como um poeta tentar explicar a divisão celular. Um totem é uma experiência estética e só pode ser entendido como arte. Um mito é sempre poesia e só pode ser explicado por poetas. Cientistas transformarão tudo naquilo que eles sabem, fórmulas de ação e reação.
Adoro Chesterton porque ele duvida. Inverte o que todos repetem e mostra a papagaice do que se tornou senso-comum.
Homens da caverna não eram feras assustadas, egipcios nunca foram seres rígidos de pintura, gregos não acreditavam em nada, romanos eram bons e calorosos, bárbaros eram brincalhões e os povos primitivos das Américas nada tinham de inocentes.
Excelente.
Olhamos os rostos das pinturas egipcias e achamos que eles tinham as caras que estão lá representadas. Porque? Aquilo é representação, ou alguém em 2014 tem a cara do Wolverine? A questão é, o que sabemos sobre os homens do passado? Quase nada.
E o melhor, segundo Chesterton, seria pensar neles como aquilo que são com certeza, Humanos. Desde sempre humanos, como eu e como voce.
Então vamos parar com essa tolice de imaginar que o homem que criou a roda era um quase-fera que grunhia e criava sem querer. Ele era um homem que pensava. Curioso, pegava coisas e as experimentava. Pesquisava. Tentava. Era, como nós, um criador. E ria. Se divertia. Tinha humor.
Tendemos a sempre pensar no passado com seriedade. Pois bem, se os homens do passado eram mais infantis eles então brincavam mais. E se fossem como nós, e eram, tinham senso de humor. Pois não pensem que os gregos cultuavam Hera ou Apolo como nós cultuamos Deus ou Allah. Eles tinham religião, eles tinham mito, mas não igreja. Os deuses eram mitos. Histórias que eles sabiam ser fantásticas e que os divertiam. Eles as criavam ao bel prazer. E tinham religião, coisas mais sagradas, sérias, e que nome não tinham. Estranho observar que subjacente às doidas lendas de Zeus, existem os ritos muito mais sérios de fertilidade, de sacrifício e de morte. Religião, a tentativa bem sucedida de transformar matéria. Mas não havia igreja. A Grécia era uma confusão de deuses, ritos, festas e tradições.
Os gregos eram organizados em politica, no estado, mas eram anarquistas em casa.
Interessante o que Chesterton percebe: povos que são apegados a familia costumam ter um estado anárquico e povos pouco apegados a familia criam estados fortes. Pois ao contrário de Atenas, Roma era anárquica. Governos caíam, senadores eram mortos e mesmo assim ela crescia. Porque romanos amavam sua terra. Amavam sua familia e amavam os deuses do lar. Se eles importaram Jupiter e Vênus, eram os secretos deuses do lar que os emocionavam. Esse trecho do livro é belíssimo.
Chesterton se divertiria muito com as bobagens escritas sobre as guerras entre Israel e árabes. O inglês dá risadas para o marxismo. Ele diz que razões econômicas existem em qualquer guerra, mas NUNCA são a razão principal. O que leva um soldado à guerra não é o soldo, o que leva um líder a declarar guerra não é uma mina de ouro. ( Isso tudo vem junto mas não é o que traz a guerra ), a batalha se faz quando uma nação encontra diante de si uma outra nação que a nega, que ameaça tudo aquilo em que ela crê, que ameaça sua certeza histórica e que traz assim o perigo da destruição de seu lar. Um soldado luta por sua casa, por aquilo que ele entende ser seu lar. Um país luta por destruir sua antítese, seu oposto. Os americanos podem lutar pelo petróleo do Iraque, mas acima de tudo lutam contra um mundo que lhes é horroroso, um modo de pensar que nega tudo em que eles acreditam. Lutam para sobreviver. Para poder continuar a crer em si-mesmo.
Como aconteceu com Roma. Os romanos tinham de aniquilar Cartago pelo fato de que Cartago matava crianças em sacrifício, comungavam com forças místicas que negavam tudo o que Roma professava e odiavam o modo familiar de Roma. Roma venceu. E o mundo nunca mais foi o mesmo.
Chesterton diz que é hora de parar com a mania científica. Um cientista explicando um totem ou um mito é como um poeta tentar explicar a divisão celular. Um totem é uma experiência estética e só pode ser entendido como arte. Um mito é sempre poesia e só pode ser explicado por poetas. Cientistas transformarão tudo naquilo que eles sabem, fórmulas de ação e reação.
Adoro Chesterton porque ele duvida. Inverte o que todos repetem e mostra a papagaice do que se tornou senso-comum.
Homens da caverna não eram feras assustadas, egipcios nunca foram seres rígidos de pintura, gregos não acreditavam em nada, romanos eram bons e calorosos, bárbaros eram brincalhões e os povos primitivos das Américas nada tinham de inocentes.
Excelente.