A maior das revoluções veio. Um Deus nasce como homem. Eis a primeira inversão. A segunda é esta, nasce sem estrondo, nasce discreto, pobre, filho da base social. O triângulo se inverte: Deus vem de baixo e não do alto.
Com isso surgem mais coisas inéditas. Uma criança é sagrada, uma criança é Deus. E se ela é Deus ela é filho e Pai de sua mãe. Ao mesmo tempo. E Ela será uma criança-criança, crescerá como homem, terá brinquedos, aprenderá brincadeiras, irá comer e irá sonhar. Só aqui encontramos várias revoluções. Pela primeira vez o pobre é protagonista. Pela primeira vez uma criança é Deus. E pela primeira vez a história se faz entre os mais humildes, aqueles que ninguém vê.
Ao mesmo tempo 3 reis magos vêm vê-lo. São 3 filósofos em busca da sabedoria. Cruzam terras na ânsia de encontrar a Resposta. E o que encontram é uma caverna, palha, animais e um casal pobre e renegado. E no centro do mistério um bebê. Se ajoelham porque os 3 percebem. O mundo de Pã está morto. Já havia ocorrido a queda da bela mitologia romana, aquela do Lar, e já nascera a mitologia romana do mal, a que sacrificava humanos e exaltava a crueldade e a luxúria. Essa morria naquela caverna. O mundo tinha seu recomeço. O mundo é aquela criança.
A partir dali nunca mais se mataria com alegria. Nunca mais se louvaria o mal de modo inconsciente. Nunca mais se olharia um pobre como uma coisa. Sim, o mal vive até hoje, luta por vencer, mas ele encontrou seu adversário, seu oposto. O mal hoje sabe que é Mal. Antes o mal era o mal sem juízo ou culpa. Bem ou mal eram uma coisa só. Sacrifícios humanos, escravos, quem se importava?
Passamos a sentir a dor de uma criança que morre de fome. Isso era inédito. Pois nem a crença no mundo como uma ilusão budista, e nem o confucionismo, com seu respeito aos mortos e a disciplina, duas belas filosofias mais antigas que o Bebê, nenhuma delas dava qualquer atenção para a criança faminta ou ao pastor doente. Nobres, bons, mas distantes.
O Deus na caverna trouxe a Divindade ao mundo da matéria. Deus podia ser visto como homem. Estava aqui, entre nós, nos olhando, nos dando conselhos, sofrendo voluntariamente entre nossas dores.
Nessa minha explanação, tirada do belíssimo livro de Chesterton, O HOMEM ETERNO, há material para dois mil anos de teses e de filosofias. Toda essa inversão de valores, todo esse modo novo de sentir a vida foi a maior das revoluções. E todas as que vieram depois, humanas, feita por crentes ou por ateus, tiveram sempre a ansiedade de repetir a cena do menino nascido numa caverna. Zerar a história, trazer ao centro os mais desprezados, irmanar e comungar, vencer o mal.
Somos, nós ocidentais, todos cristãos. Mesmo aqueles que odeiam o cristianismo. Porque todos nascemos naquela caverna. Vemos o mundo daquele modo e nos sentimos culpados ao fazer o mal. Matar, roubar, judiar, nunca mais foi ato de alegria inconsciente.
Isso tudo é o Natal. O dia em que o mínimo se transformou em mais.
( Mas existe O MAL. E sobre isso escrevo outro dia. )
Com isso surgem mais coisas inéditas. Uma criança é sagrada, uma criança é Deus. E se ela é Deus ela é filho e Pai de sua mãe. Ao mesmo tempo. E Ela será uma criança-criança, crescerá como homem, terá brinquedos, aprenderá brincadeiras, irá comer e irá sonhar. Só aqui encontramos várias revoluções. Pela primeira vez o pobre é protagonista. Pela primeira vez uma criança é Deus. E pela primeira vez a história se faz entre os mais humildes, aqueles que ninguém vê.
Ao mesmo tempo 3 reis magos vêm vê-lo. São 3 filósofos em busca da sabedoria. Cruzam terras na ânsia de encontrar a Resposta. E o que encontram é uma caverna, palha, animais e um casal pobre e renegado. E no centro do mistério um bebê. Se ajoelham porque os 3 percebem. O mundo de Pã está morto. Já havia ocorrido a queda da bela mitologia romana, aquela do Lar, e já nascera a mitologia romana do mal, a que sacrificava humanos e exaltava a crueldade e a luxúria. Essa morria naquela caverna. O mundo tinha seu recomeço. O mundo é aquela criança.
A partir dali nunca mais se mataria com alegria. Nunca mais se louvaria o mal de modo inconsciente. Nunca mais se olharia um pobre como uma coisa. Sim, o mal vive até hoje, luta por vencer, mas ele encontrou seu adversário, seu oposto. O mal hoje sabe que é Mal. Antes o mal era o mal sem juízo ou culpa. Bem ou mal eram uma coisa só. Sacrifícios humanos, escravos, quem se importava?
Passamos a sentir a dor de uma criança que morre de fome. Isso era inédito. Pois nem a crença no mundo como uma ilusão budista, e nem o confucionismo, com seu respeito aos mortos e a disciplina, duas belas filosofias mais antigas que o Bebê, nenhuma delas dava qualquer atenção para a criança faminta ou ao pastor doente. Nobres, bons, mas distantes.
O Deus na caverna trouxe a Divindade ao mundo da matéria. Deus podia ser visto como homem. Estava aqui, entre nós, nos olhando, nos dando conselhos, sofrendo voluntariamente entre nossas dores.
Nessa minha explanação, tirada do belíssimo livro de Chesterton, O HOMEM ETERNO, há material para dois mil anos de teses e de filosofias. Toda essa inversão de valores, todo esse modo novo de sentir a vida foi a maior das revoluções. E todas as que vieram depois, humanas, feita por crentes ou por ateus, tiveram sempre a ansiedade de repetir a cena do menino nascido numa caverna. Zerar a história, trazer ao centro os mais desprezados, irmanar e comungar, vencer o mal.
Somos, nós ocidentais, todos cristãos. Mesmo aqueles que odeiam o cristianismo. Porque todos nascemos naquela caverna. Vemos o mundo daquele modo e nos sentimos culpados ao fazer o mal. Matar, roubar, judiar, nunca mais foi ato de alegria inconsciente.
Isso tudo é o Natal. O dia em que o mínimo se transformou em mais.
( Mas existe O MAL. E sobre isso escrevo outro dia. )