PARANÓIA, NARCISO ET RELAXADÃO & BUUUUM!

Coincidências não existem. Estou relendo Thomas Pynchon e sai uma resenha sobre um novo livro dele. Então, o que escrevo aqui vai em estilo Pynchoniano ( menos complexo, claro ).
Pynchon escreve no estilo EUA-1967. Paranóia. Um monte de gente e de coisas e de vozes e de tempos e de pontos de vista e de cenários. As páginas têm um excesso de vidas e de personagens e de coisas que acontecem. & então voce ri & ao mesmo tempo sente medo and irritação. Fica meio louco com aquilo tudo. ENERVADO. Saul Bellow e Philip Roth ( só naquele tempo ), também escreviam assim. Acho que começou com Thomas Wolfe em 1930. É uma escrita tipo BOOOOOOOOOOOOM!
Hoje/agora/2012 o que define a escrita é o oposto dessa nóia esquizóide: depressão e desencanto. Nada acontece de relevante e tudo parece o mesmo. Tipo hmmmmmmmmmmmmm..................
O Nobel não ter ido às mãos de Pynchon até agora é uma humilhação para os suécos. hmmmmmmmm......
Paulo, eu, tem saudades de coisas da pré-adolescência por que na pré-adolescência ele ainda podia ficar o dia todo de pijama. E comer chocolate sem parar SEM pensar em barriga ou diabetes ou dentes. ( E aos quase 50 Paulo não tem barriga nem diabetes e tem todos os dentes ). Pondé escreve para trouxas como eu. E ninguém tem humor para notar que quando ele chama seus leitores de tolos ele está os diferenciando dos inteligentinhos? De qualquer modo, Pondé, que tem uma figura hilária, fala do narcisismo como mal maior do Facebook.
Na India de 200A/C, budistas imaginaram o inferno como um lugar onde todos sentem um desejo que se renova indefinidamente. Voce quer, obtém, e continua querendo. Para sempre. E nesse querer voce deseja ser reconhecido como o grande obtedor. Eis nosso mundo em SP ano de 2012.
Tenho um amigo, Ribovaldo de Camarinha. Ele recebeu 239 parabéns em seu aniversário. Ficou feliz pacas com isso. No fim de semana ficou triste, não tinha ninguém on line. Não dá mais pra viver de pijamas. A gente fica todo o tempo tentando seduzir alguém. Na rua, no trabalho, e agora em casa, aqui em frente a esta tela. Tentamos ser bonitos ou engraçados ou inteligentes ou bem loucos. Queremos atenção de 239 pessoas TODO O TEMPO.
Paulo, eu, pensava que aos 50 iria relaxar. Finalmente poder deixar a barba crescer, comer de tudo, beber, esquecer a vontade de ter uma "boa imagem" e então só ter relaxo. Paulo, eu, começa a perceber que aos 90 irá morrer arrumando a camisa e vendo se a pele está bronzeada. Pior: nossas crianças desde sempre já estão nessa: belas fotos para seu álbum no Face e dietas para evitar problemas aos 40 anos. Pelo menos Paulo, eu, soube ainda o que era ir á escola com cabeleira suja e jaqueta qualquer coisa. Cabelo sujo não por compor um tipo, cabelo sujo por falta de cuidado. Relaxadão.
Todos os meus professores tem cara de Johann Sebastian Bach. Os invejo por isso.
Inácio Araújo desabafa, enfim. Diz que num espectro de dezenas de canais a cabo, a oferta de filmes é paupérrima. Sempre do mesmo. Ou seja, deu tudo errado. A diversidade de meios não diversificou a oferta. Criou um rebanho. Nunca o cinema foi tão uniforme. Daí Inácio lembra da Sessão da Tarde dos anos 70. E conta que qualquer garoto da época tinha na Sessão da Tarde uma oferta muito mais rica de filmes que existe em todos o cabos de hoje. E eu lembro que minha cinefilia começou na Sessão da Tarde. Creia, eu assisti Fritz Lang, Hawks, Huston, Nicholas Ray, Billy Wilder e Otto Preminger nas tardes da Globo. Hoje eles passam o que?
Jack Endino gosta da sonoridade dos lps gravados em 1971, 1972... Trnasformer de Lou Reed tem a melhor sonoridade da história do som. Só ouvindo. E tem de ser no vinyl, não adianta voce baixar, vai soar como soa tudo. Aliás, tudo tem um som igual. Seja uma banda pesada de Chicago, seja uma banda suja de New York, um cantor pop de Londres ou um metido de Birmingham, todos têm aquele som cheio, compacto, brilhante, que deixa tudo como o mesmo. Se voce ainda tem um tocador de bolacha, bota qualquer coisa gravada entre 71/ 77 e toca. É outro universo. bateria que tem personalidade, baixo lá e voz acolá. Tudo tem um som definido, limpo, distante. Tem ar entre os sons. Treina seus ouvidos.
Aula de Fono: tem gente que não consegue perceber a diferença entre duas vozes que soam juntas. Tem gente que não escuta mais. Só identifica timbres e mais nada. O ouvido pode ficar analfabeto.
Fato: Sabia que não há um só orgão feito para a fala em nosso corpo? Nada no ser-humano foi genéticamente criado para a fala. Assim como as mãos não foram criadas para escrever ou tocar piano, as cordas vocais ( que não são cordas e nem vocais ) não existem para a fala. Existem para ajudar a engolir e respirar. Só. Isso prova a imprevisibilidade da vida. O improviso que a vida é. Por que usamos algo que é pra engolir para a fala? Nunca ninguém vai saber. Então se chuta.
Tentei ser meio Pynchon. Mas ele, gênio, já teria neste espaço criado uns 20 personagens e soltado cinco frases originais. Eu, Paulo, apenas papagaeio.
BUM!