A SOCIEDADE DE LUNÁTICOS POR THOMAS PYNCHON

Xi! A síndrome de Thomas Pynchon me pegou....
Existe uma rede mundial que fica destrinchando os livros dele. Eles, que são milhares, já editaram centenas de livros sobre cada capítulo de cada livro do cara. Chegam a ficar meses analizando uma frase. E discutindo porque ele citou aquele politico, porque aquele personagem tem aquele nome, porque aquela cidade...
Pynchon existe? Não se sabe. Só se conhecem duas fotos dele. E as duas têm mais de 50 anos. Dizem que ele tem filhos. E faz Salinger parecer sociável. Mas ao contrário de J.D., Pynchon escreve muito. ( E não é por acaso que tanto a sociedade de fanáticos , como o tipo de ermitão que ele é, são coisas típicas de seus livros ).
O estilo de Pynchon é delirante-paranóico. Ele exibe a loucura de todos nós. Em lente grande angular. Pega um monte de fatos e os conecta. No livro que leio tem uma mistura de new-age californiano com marxismo, bandas de rock inglesas, Pernalonga, motéis, cientistas do século XIX, magia negra, agentes secretos, cinema infantil, teatro do século XVII, indios, e sobre tudo isso Os Correios. Absurdo? Convincente.
Os personagens têm nomes como Edipa Maas, Baby Igor, Mucho Maas, Os Paranóicos ( é o nome da banda ), há um analista que dá LSD para suas clientes, velhinhos tarados, um advogado que virou ator, a máfia da Sicilia.... Se voce pensou em filmes dos irmãos Coen acertou na mosca. Pynchon criou o mundo do Grande Lebowski.
Voce lê e não sabe se aquele cara da Escócia, que criou a tese da energia sem custo, existiu ou não. Porque Pynchon mistura gente inventada com gente real, a saga da familia Thurn und Taxis ( que é fato histórico ), com a história de jovens gênios da California e tipos excêntricos da classe média.
Criatividade abundante. É um prazer ler um escritor que cria, que feriliza e não fica naquela lenga-lenga moderninha de medinhos e sexozinhos no escurinho tristinho de sua vidinha desinteressantinha. Se voce vive nesse mundinho estéril, fuja de Pynchon. Ele tem um pênis gigante que vai te assustar.
Mas se voce, como eu, adora tudo o que seja solar, prometeico, mefistotélico, viril, forte e ribombante, corra a qualquer canto e pegue seu Pynchon.
É pra gozar.
A sacada dele é pegar todo o mundo pop e tratá-lo em formato joyciano. É nosso Sterne. Gargalhei com algumas páginas e senti que ficava louco com outras.
Ajoelho-me perante um talento.