CONSELHO PARA OS JOVENS

   Eu leio filósofos conservadores. Atuais, Leio porque eles escrevem bem e principalmente porque escrevem aquilo que eu creio. Neles vejo a confirmação do que sei. Mas percebo e reconheço que um filósofo é em 2016 algo tão inútil quanto um intelectual que se masturba diante de um espelho. É desperdício de energia. É esteticamente feio. E é risível. Scruton é venerável por ser um grande escritor. E por não ser apenas um filósofo...
   Nada mais triste que a lamentável figura de um professor que conheço. Pobre e revolucionário, acuado, ele só tem um "talento": dar aula de filosofia em escola do ensino médio. Impossível para ele ser vendedor, mecânico, engraxate ou advogado. Ele só fala sobre suas crenças politicas, só sabe dar aula e só pensa nisso. Não há outro assunto. Nada mais.
  Ele está morto. Apesar de jovem, todos sabem que aos 90 anos ele estará fazendo e dizendo exatamente aquilo que pensa e diz agora. Sua alma e sua cabeça morreram. Ele é um zumbi.
  Goethe era grande poeta. Mas era mais que isso. Era grande homem. Sua grandeza se definia pelo fato de que ele poderia ser pintor, químico, músico ou médico. O mesmo pode ser dito de Heminguay que lutava boxe, caçava e toureava. Ou Huxley com seus interesses por viagens, religião, drogas e pintura. Mesmo um homem que só pensava em música como Beethoven, tem a grandeza de um gigante porque sabemos que ele tinha talento para ter sido general ou um Papa. Scruton se interessa por vários assuntos longe da escrita. E quando escreve fala que devemos nos interessar por tudo.
  Esse pobre professor só pensa em um assunto: sua produção de espermas filosóficos.
  No ano de 2016 desconfie sempre de pessoas unilaterais. E de artistas que só pensam em arte. O desafio de nosso tempo, o Graal das grandes mentes se encontra na ciência. Só a ciência produz maravilhamento. A Capela Sistina de hoje não é coisa da igreja e nem da pintura. É da ciência.
  Ao artista, pois ainda há quem o seja com vocação sincera, cabe unir campos. Pintura misturada à química, literatura com teorias do acaso ou do tempo concomitante. Música que beba na física, dança que dialogue com a biologia. Filosofia matemática.
  Arte que seja arte "pura", distante da ciência será sempre saudosismo. Nostalgia de um tempo em que os grandes eram artistas. Hoje não são. Como não são politicos ou generais. Os grandes são cientistas.