OSCAR WILDE - SALOMÉ
Finalmente leio a pior das peças que Wilde nos deixou. Salomé não é uma comédia, na verdade é uma espécie de poema sonâmbulo. Curto, enxuto, cheio de imagens que não conseguem o intento de Wilde: encantar. São João Batista está preso numa cisterna. Salomé tenta o seduzir mas ele a despreza. Herodes teme O Batista mas Salomé pede a cabeça do profeta. O pedido é satisfeito e ela beija a cabeça numa bandeja de prata. Fim. --------------------- Senti algo do simbolismo de Yeats aqui, mas se Wilde desejou esse tipo de efeito não conseguiu. O texto nada mais é que uma cena, um flagrante de uma ação. O autor viu aqui, na morte de São João seu próprio destino. Lord Douglas seria sua Salomé. A fama da peça se deve à isso: Wilde anteviu seu fim. ---------------- No mesmo volume há O CRIME DE LORD SAVILLE e que maravilha!!!!! Releio e reencontro o Wilde que merece sua fama. A forma bonita, estética, arrumada como Oscar Wilde constroi sua história. Uma pitada de horror, algum humor, ironia, final dúbio. É um conto exemplar.