ARTURO TOSCANINI

Cem por cento dos críticos acham Toscanini o maior maestro da história da música gravada ( Mahler seria o maior maestro da história e fim ). Para nós, gente de 2021, há um problema insolúvel com Toscanini: ele gravou nos anos 30 e 40, e o som de então era mono. O som stereo foi criado, assim como o CD, para a música erudita, para deixar todo timbre orquestral nítido. Ouvir Toscanini hoje é ouvir uma orquestra soar como uma banda. Ouço então o maestro numa gravação de 1939. É a Sétima Sinfonia de Beethoven, a minha favorita. Caramba! Violinos parecem instrumentos de sopro e os instrumentos de sopro soam como banda marcial. Não há como analisar sutileza, timbre ou detalhe. Mas há uma coisa que permancece intacta: ritmo. E nisso Toscanini surpreende ainda. Sua leitura da Sétima é veloz. Nunca ouvi Beethoven tão rápido, tão corrido, tão febril. E quer saber? Funciona. O último movimento é um frenesi de som. Não há como não aplaudir ao seu final. A orquestra fica por um triz do erro e da caos, mas mantém o tempo, consegue chegar lá, acerta o alvo. BRAVO! ------------------- Toscanini é tão antigo! Foi ele que regeu a estreia da última obra de Verdi ! Ele conheceu Verdi, Mahler, Strauss. Poder ouvir sua obra é poder ouvir o século XIX, conhecer o modo como se entendia a música então. E vejo que ela era mais veloz, mais impositiva, mais feroz.