FIM DA POLICIA ( MATEMÁTICA BABY )

   Leio que um grupo de atores e atrizes de Hollywood faz um movimento pedindo o fim do financiamento da polícia. Atores não são famosos por seu senso de realidade, mas eu não imaginava que eles houvessem chegado a tal nível de infantilismo. Vale à pena comentar?
  Sem a polícia voltaríamos aos tempos do faroeste. Cada comunidade escolheria um xerife, esse xerife nomearia ajudantes e estaria instalada a lei. Todo cidadão, sem a polícia, se armaria para defender o que é seu e o que ele ama. E mesmo que as armas por mágica fossem extintas, facas e porretes seriam usados. Eu realmente não consigo entender esse tipo de raciocínio. Penso que nasceu uma nova espécie de mamífero humanoide e entre eu e esses seres há a distância que existe entre Leões e gatos de madame.
  As pessoas estão desistindo de pensar. Elas estão sendo ensinadas a colocar rótulos e pensar por slogans. Desse modo, todo aquele que discorda de seu ponto de vista é comunista ou nazista. Todo policial é um porco fascista e todo homossexual é de esquerda e portanto, comuna. O mais assustador é que o humor, primeira característica da inteligência, está completamente ausente desses slogans. Mesmo aqueles que se propõe a fazer humor, acabam por fazer uma espécie de piada hiper agressiva, um riso que baba veneno e rancor.
  Eu ando vendo filmes de guerra. Os filmes que Michael Powell fez durante a segunda guerra. Em Coronel Blimp, filme de 1941 filme que Churchill odiava, Powell mostra que até os alemães são humanos. Sim. Em plena segunda guerra, um diretor fez um filme inglês que demonstra que mesmo os inimigos sofrem e pensam. Ontem assisti Canterbury, onde é mostrado que Deus concede milagres mesmo dentro da guerra. O que tento dizer aqui? Que o humanismo morreu. Se voce destrói uma amizade porque seu ex amigo pensa diferente de voce, seu humanismo não é mais humano. Voce é apenas uma máquina de pensar. Basta um código binário que não encaixe na fórmula da amizade para que todo o programa desabe.
  Comecei este pequeno texto falando de atores privilegiados. Falo agora do problema da área de humanas. Li um artigo que expõe o problema. Problema insolúvel devo dizer. Frequentei os bancos de humanas, da melhor universidade do continente, por oito anos. E o que vi? Excelentes professores. Sim, conheci dentre muitos, alguns realmente ótimos. Carismáticos, abertos, democratas reais, racionais, encantadores. E muitos enganadores. Não, não pense em dogmas. Os enganadores são apenas preguiçosos. Só isso. O problema está muito além dos professores. O problema é o próprio alvo de estudos.
  Até o século XVII mais ou menos, humanas englobava tudo. Um bom filósofo estudava matemática, astronomia, latim, grego e química. Quando, já no século XVIII, esses conhecimentos se separam, nasce o especialista em história, línguas ou filosofia, aquele que tem um certo orgulho em dizer: " Sou de humanas, não sei fazer contas", ou pior, " A ciência também é relativa". Relativa em relação a quê, caro humanoide?
  Em humanas nada precisa ser provado porque tudo é questão de gosto. Ou de fé. Nunca nos esqueçamos, para tristeza de 90% dos humanoides, que universidades, livros e especulações são coisas criadas pela igreja. Na base do humanismo há sempre a repetição da ladainha e a paixão da fé.
  Tanto faz voce dizer que Dostoievski era um cristão radical ou um louco. Tanto faz voce dizer que Joyce era de esquerda ou direita. Não há como comprovar e mesmo que eles estivessem vivos e falassem o que pensam, voce separaria o homem da obra. Não existe conclusão em humanas e por isso nela cabe qualquer teoria. Por mais absurda e irracional que seja. Se alguém quiser crer nela, ela existirá.
  Até aí tudo é inofensivo como é inofensivo um brinquedo. O problema é quando esse método sem método é levado para a vida prática. Por princípio o humanoide odeia tudo que é prático e pragmático. Pois essas duas palavras lhe recordam aquilo que ele mais odiava quando jovem: ciência matemática. Ordem. Clareza. Limpidez. Por mais que um filósofo invente teorias, dois mais dois será quatro mesmo em 2100. Assim como foi em 2000 ac. A ciência, assim como a vida real, faz com que o humanoide fique irritado. Nesse mundo não acadêmico ele é impotente. A física quântica não o salvará da morte ou do tempo que passa. Pois até a física quântica é apenas....ciência.
  O que mais me dava risos nas aulas era quando um professor chamava sua aula de ciência. Onde? Ciência sem laboratório? Sem a repetição de resultados idênticos? Sem a ocorrência idêntica independente de lugar e tempo? Eu falava em aula: "Vamos parar com essa fixação em ser aceitos pelas ciências e nos contentemos com nosso campo, restrito e falho". Sim amigos, eu falava isso. E muitos concordavam. Inclusive professores. Mas a maioria não. Humanas de humanoides quando aplicadas à economia, medicina, administração, química, aplicadas a todo modo de pensar é sempre um desastre. Porque não há um objetivo concreto. Um alvo mensurável. É tudo abstrato.
  Como resultado, passamos a ter no mundo concreto aquilo que cabia apenas ao mundo acadêmico das humanas: a relativização da verdade. Homero escreveu a Odisseia para quem assim o quiser. Dante é um monstro para quem acreditar. Napoleão era um herói para voce e um vilão para mim. Tanto faz. Dentro da academia ou em cadernos de cultura tudo isso é muito divertido. Na vida do dia a dia, onde se lida com dinheiro, com guerras iminentes, com doenças, isso é patético. Ou pior, trágico.
  Apesar das aulas de filosofia e das teorias literárias, o mal existe. O bem existe. E há uma verdade chamada bem comum. Certas coisas são melhores que outras. Certos hábitos persistem por serem bons. Quando voce relativiza, tudo se desmancha, e o motivo não é "porque a vida é assim", mas porque, como bom humanoide, voce aplica o saber das humanas ao objeto errado. Podemos discutir se Descartes era pior que Pascal, mas não podemos discutir se este método de produção funciona ou não. Basta medir sua eficiência.
  O humanoide é aquele que irá à sua festa de bodas de diamante e dirá: " Dura muito tempo...mas isso não significa...bla bla bla"....Verá uma vitória por 7x1 e dirá ...."Tenho a teoria de que o jogo foi e bla bla bla"....
  Ele terá teoria para tudo e todas serão verdadeiras para quem as comprar. Mas, o simples fato de existirem tantas teorias já contribui para provar que todas são falhas. Como eu disse, brinquedos.
  Termino com Einstein, aquele cientista sério que os humanoides pintam como um bom vovô meio hippie. Ele dizia que toda verdade é SEMPRE A MAIS SIMPLES E A MAIS ELEGANTE. Seja em matemática, física ou na vida prática, há na verdade sempre a luz do óbvio, do claro, da evidência mais direta e sem firulas. Toda teoria que necessita de uma sucessão de atos ou acasos é falsa.
  Mas humanoides abominam o que é simples. Muito menos o elegante. Aos 13 anos eles tinham diante de si uma equação clara, simples e elegante. E muito verdadeira. E a odiaram com todas as forças.