HAJA EGO ORSON WELLES!!!!

   Lá vem o EGO gigantesco usando um ridículo sotaque irlandês. Orson Welles tinha uma vaidade tão imensa que ele só funciona quando sua personagem é tão ególatra quanto ele mesmo foi. Othelo, Macbeth, Kane. Aqui ele é apenas um marinheiro da Irlanda. Mas, claro, um marujo que dispensa grana e lutou na guerra civil da Espanha. E lá vai Orson com um sotaque irlandês grotesco se exibindo como rei da ética em um roteiro, dele mesmo, onde nada faz sentido algum.
  Casado na vida real com Rita Hayworth, que em 1948 era a maior estrela do cinema global, ele a coloca no filme apenas para poder ganhar dinheiro da Columbia, estúdio onde sua mulher era rainha. E faz este fiasco. Rita, mal utilizada, é uma vamp sem eira nem beira. Suas falas são banais e não cola a conclusão de sua personagem. Sem surpresas, tudo no filme é forçado.
  Ah! Mas o "pobre" Orson pode culpar o estúdio maldoso. Dá sempre pra chorar e dizer que a Columbia não deixou ele fazer o que queria. É por isso que admiro tanto Hawks e Huston. Fizeram o que queriam dentro dos estúdios e sem chorar nunca. Mas Orson...coitadinho! Tantos filmes ruins por culpa do meio que o massacrou...Bah! Não cola! Ele foi e é ídolo de quem se vê como "artista vítima do meio hostil", ou seja, 99% dos artistas medíocres e dos críticos que são cineastas frustrados. Orson era um ego inflado que só fazia coisas boas, Macbeth, quando o material era tão imenso quanto aquilo que ele imaginava ser.
  Lady from Shanghai poderia ser divertido se tivesse uma gota de humor. Mas Orson sempre se leva a sério. Então, essa sopa muito cheia de cebola, uma confusão de ricos neuróticos e um marujo que se vê dentro da vida deles, é uma chatice sem fim. De bom só a fotografia de Stanley Cortez. Aliás, Orson sempre soube que um bom fotógrafo salva metade de um filme. A outra metade um roteiro mal escrito e um ator egocêntrico se encarregam de aniquilar.