Só um idiota não leva a literatura infantil a sério. Nascemos crianças e as marcas que essa literatura deixa numa criança é para sempre. Quando lidos em minha idade, quando visitados por um adulto, esses livros mostram aquilo que eles são, os melhores, claro: fonte de símbolos e arquétipos, imagens que revelam o que respira na nossa alma.
Frances Hodgson Burnett foi uma escritora muito famosa na virada do século XIX para o XX. Nasceu na Inglaterra, empobreceu quando criança e passou a viver de sua escrita desde os 17 anos ( !!!!! ). O Jardim Secreto, hoje um dos mais famosos livros infantis, foi lançado em 1911. A princípio não foi um de seus maiores sucessos, mas a partir da contracultura se tornou um tipo de livro fundador da new age. Na história da menina infeliz e chata que se transforma no contato com a natureza, vive a crença de "volta ao jardim", plantar e colher e assim fazer o mesmo por sua alma. Burnett era estudiosa da cientologia, da teosofia e de rituais "do bem". A mensagem do livro é a de que ao se abrir a mente para as flores e os bichos, sua vida se abre para ela-mesma. Mais ainda, há a crença no pensamento positivo e na força da vontade.
Mary vive na India e é enviada ao Yorkshire para viver com um tio. Mergulhado em luto, esse tio nunca está presente. Mary, feia e fraca, mimada e arrogante, se humaniza ao conhecer gente do lugar e principalmente ao cuidar de um jardim. No processo ela salva o primo doentio, Colin, e o próprio tio. Burnett escreve simples, escreve como quem fala. É uma linguagem deliciosamente despretensiosa.
O livro tem sido atacado na última década. É tachado de colonialista e misógino. Não vi o menor sinal disso. Mary é a heroína e o colonialismo é várias vezes tachado de injusto. Me parece que esses bobocas do PC exigem panfletismo em tudo. Aff.
Bela edição da Penguin com introdução e pós escrito.
Junto a "O vento nos salgueiros" e "Peter Pan", é dos melhores livros "para crianças".
Frances Hodgson Burnett foi uma escritora muito famosa na virada do século XIX para o XX. Nasceu na Inglaterra, empobreceu quando criança e passou a viver de sua escrita desde os 17 anos ( !!!!! ). O Jardim Secreto, hoje um dos mais famosos livros infantis, foi lançado em 1911. A princípio não foi um de seus maiores sucessos, mas a partir da contracultura se tornou um tipo de livro fundador da new age. Na história da menina infeliz e chata que se transforma no contato com a natureza, vive a crença de "volta ao jardim", plantar e colher e assim fazer o mesmo por sua alma. Burnett era estudiosa da cientologia, da teosofia e de rituais "do bem". A mensagem do livro é a de que ao se abrir a mente para as flores e os bichos, sua vida se abre para ela-mesma. Mais ainda, há a crença no pensamento positivo e na força da vontade.
Mary vive na India e é enviada ao Yorkshire para viver com um tio. Mergulhado em luto, esse tio nunca está presente. Mary, feia e fraca, mimada e arrogante, se humaniza ao conhecer gente do lugar e principalmente ao cuidar de um jardim. No processo ela salva o primo doentio, Colin, e o próprio tio. Burnett escreve simples, escreve como quem fala. É uma linguagem deliciosamente despretensiosa.
O livro tem sido atacado na última década. É tachado de colonialista e misógino. Não vi o menor sinal disso. Mary é a heroína e o colonialismo é várias vezes tachado de injusto. Me parece que esses bobocas do PC exigem panfletismo em tudo. Aff.
Bela edição da Penguin com introdução e pós escrito.
Junto a "O vento nos salgueiros" e "Peter Pan", é dos melhores livros "para crianças".