461 OCEAN BOULEVARD- ERIC CLAPTON, O CARA LEGAL.

   Eric é um cara estranho. Mas também é um cara legal. Como Neil Young ou Bruce Springsteen, voce pode até não gostar de suas músicas, mas é dificil atacar o cara. Eric é dos poucos nomes do rock que dá vontade de ser amigo. Eu adoro por exemplo, Keith Richards, mas não sei se seria bom ser seu brother. De Bowie então nem é bom falar...
   ( Aproveito pra recomendar de novo a bio de Eric. )
   Em 1974, após 4 anos de retiro em virtude de vicios em álcool e heroína, e contando com uma força espiritual de Pete Townshend, Eric vai à Miami gravar este disco. Que chega ao primeiro posto tanto na GB como nos USA. É o melhor disco de Eric. Calmo, limpido, sereno e muito bonito.
   Vale aqui dizer que o objetivo de Clapton como guitarrista nunca foi ser o mais rápido, o mais original ou o mais potente. Ele sempre afirmou que seu sonho era conseguir a perfeição, tocar a nota cristalina. Nessa busca, Zen, ele se afirma com seu estilo limpo, puro, sem ruído, fluido, um estilo que pode ser chamado de espiritual. Ele jamais agride, e é sempre "belo". Equilibrado. Robbie Robertson, Steve Cropper e J J Cale também possuem esse segredo.
   Preciso repetir a história do triângulo Eric-Patty-George? Eric se apaixona pela esposa do melhor amigo, George Harrison, é rejeitado por ela e dá uma bela pirada. E como o mundo gira, ela acaba nos braços de Eric, anos depois. Pelas fotos de Patty é fácil entender a paixão de Clapton.
   Mas vamos falar deste disco? É um dos que mais ouvi em minha vida. O som da guitarra é tão perfeito, tão simples e ao mesmo tempo macio, sexy, esperto, que voce acaba escutando Eric como se ele fosse um pequeno mantra. Aqui ele regrava alguns velhos blues, todos brilhantes, e é onde ele lança Bob Marley para o mundo, I Shot The Sheriff. A melhor faixa é Give Me Straight, linda de chorar. Mas há muito mais: I Can`t Hold On, com sua discreta alegria, Motherless Children, que tem um slide de derreter cinturas...e faixa final, um estupendo duelo de guitarras deslizantes, um hino a respeito de estradas e destinos. Wow!
   Como falo sempre, o tempo coloca tudo em seus lugares. Revela a verdade e ridiculariza a mentira. Este disco, dono de seu tempo, sobrevive. É bom pacas!