VENTO, AREIA E AMORAS BRAVAS- AGUSTINA BESSA-LUIS. UMA MENINA BACANA.

   Gente. Parentes em que cada um interessa por ser único. É uma menina que narra e ela é feinha. E tudo olha. Casa rica na praia com multidão de empregados. Tias, avós. Gente excêntrica. Surpresas em toda página. Vida. Ela descobre a vida. Bichos e gostos. As cores cheiram. Perfume vivo que ri.
   Como ela escreve bem!!! As palavras são comidas por quem as lê. Nada acontece no livro que é um livrinho. A vida cresce. Dá pena quando acaba.
   Filosofia. A autora foi central no Portugal de todo século XX. Escreveu muito. Para adultos. E pouca coisa para crianças. Do que ela fala? Do vento que irrita. Da areia que incomoda. Das amoras bravas lá do mato. Ela faz a gente estar lá. E as frases? São redondas, rolam dentro da gente. Iluminam também. E aquecem.
   Pode marcar. Já me conquistou.
   A menina sabe que cresce. E sente aquela dorzinha dentro que nunca se sabe de onde vem. Cresce e não quer. Cresce e quer que cresça logo. A irmã vaidosa e linda, o irmão que some em caçadas. Tem uma tia doida. E um monte de solteirões. Gente que não se casa porque não necessita de alguém que lhes diga que são amados. Se amam. Avó calada e que morre como se em sonho. O pai que joga e a mãe que é puritana. A igreja. Festas! E as comidas boas. Os campos sem fim, pinheirais, fragas, serras...
   Viver!