O MAR- JOHN BANVILLE

   Vencedor do Booker Prize em 2007, este livro apresenta um grande problema: sua metade final. Ele arranca cheio de promessas e de belíssimas imagens, e então cai numa maçaroca de auto-piedade e de vazio sem porque. Se perde. Banville nega aquilo que tem de melhor e aceita a vulgarização da vida e da morte. Faltou coragem a esse bom autor. Se no meu texto abaixo falei que ele era um dos melhores autores vivos, digo agora, ao terminar seu livro, que ele não é um dos melhores. Frustrante.
   Um homem viaja para uma praia. Sua esposa acabou de morrer após longa agonia. Na praia ele se recorda do fim de sua infãncia e de momentos de sua vida adulta. Por todo o primeiro terço do livro, temos uma encantadora sensibilidade. Cheiros, cores e vozes são nos dadas de presente. Banville consegue fazer com que lá estejamos com ele. Mas de repente ele se perde. Abre mão de sua fantasia e sucumbe ao comum, longas descrições do nada, de fatos sem o menor interesse e sem arte. Quando Banville perde o interesse pelo jovem personagem o livro sucumbe.
   Bons livros crescem durante a leitura. Livros excelentes já começam em alto estilo e conseguem subir ainda mais. Obras de gênio continuam a crescer após fecharmos a capa. Este não é ruim, é impotente. Promete e desiste. Contenta-se com muito pouco.
   Pena.