José Paulo Paes traduz e fala dos vários pontos em comum entre o moderno poeta grego e Fernando Pessoa. Viveram no mesmo período, foram funcionários públicos, desconhecidos em vida. Ambos idealizaram o passado de sua nação. A diferença, vasta, entre os dois: Pessoa era um hiper-cerebral intelectualista; Kaváfis era um sensualista. Homossexual, solitário, Kaváfis ia à caça, perambulava pelos bares e ruas. Sua poesia fala desse tema, expõe sexualidade, nada teme.
E rememora. Kaváfis nasceu em Alexandria e se considerava um herdeiro da cultura grega. Como Pessoa, teve o inglês como primeira lingua. Mas o grego logo se percebeu como helenista. Sua nação era a Ítaca de Odisseu, e muito além, o oriente helenizado. Seus versos unem Egito e Grécia, antiguidade e idade média. Paganismo e ortodoxia cristã, amor carnal e desejos transcendentes. Mas atenção: Kaváfis nunca perde o corpo de vista. O sangue e a carne mandam. Ele é sensual.
E simbolista. Não se importa com o aparente, o evidente, o óbvio. Seu mundo é feito de noite, sombras e camas recém usadas. De peles beijadas e de um imenso passado. Ele vai a momentos decisivos da história e recria. Dá vida a heróis e a impérios esquecidos, faz de Antonio, César, Nero, Juliano, personagens. Máscaras que na verdade são Kaváfis, atores do drama que é a vida do poeta.
Ele relembra anos idos, séculos perdidos, ele relembra jovens que amou, seu corpo em decadência, as noites de exageros. Inexiste arrependimento. Se Kaváfis lamenta, e ele o faz, é a passagem do tempo. A poesia é para ele a cura, o remédio que alivia a dor da perda. Seus versos dão vida àquilo que passou.
Escritos de forma muito simples, Kaváfis foi "descoberto" logo após sua morte. Seus escritos, apenas 180 poemas em mais de 60 anos de vida, foram reunidos por seus amigos e publicados. Eliot, Forster e Pound logo o elogiaram e seu lugar no olimpo do século XX estava garantido.
Leves, coloridos, vivos, ler Kaváfis é um prazer.
E rememora. Kaváfis nasceu em Alexandria e se considerava um herdeiro da cultura grega. Como Pessoa, teve o inglês como primeira lingua. Mas o grego logo se percebeu como helenista. Sua nação era a Ítaca de Odisseu, e muito além, o oriente helenizado. Seus versos unem Egito e Grécia, antiguidade e idade média. Paganismo e ortodoxia cristã, amor carnal e desejos transcendentes. Mas atenção: Kaváfis nunca perde o corpo de vista. O sangue e a carne mandam. Ele é sensual.
E simbolista. Não se importa com o aparente, o evidente, o óbvio. Seu mundo é feito de noite, sombras e camas recém usadas. De peles beijadas e de um imenso passado. Ele vai a momentos decisivos da história e recria. Dá vida a heróis e a impérios esquecidos, faz de Antonio, César, Nero, Juliano, personagens. Máscaras que na verdade são Kaváfis, atores do drama que é a vida do poeta.
Ele relembra anos idos, séculos perdidos, ele relembra jovens que amou, seu corpo em decadência, as noites de exageros. Inexiste arrependimento. Se Kaváfis lamenta, e ele o faz, é a passagem do tempo. A poesia é para ele a cura, o remédio que alivia a dor da perda. Seus versos dão vida àquilo que passou.
Escritos de forma muito simples, Kaváfis foi "descoberto" logo após sua morte. Seus escritos, apenas 180 poemas em mais de 60 anos de vida, foram reunidos por seus amigos e publicados. Eliot, Forster e Pound logo o elogiaram e seu lugar no olimpo do século XX estava garantido.
Leves, coloridos, vivos, ler Kaváfis é um prazer.