Saiu agora um livro, luxuoso claro, sobre glamour e elegãncia. São fotos, belíssimas, que trazem curtos e preciosos comentários de Diana Vreeland. Como? Voce não sabe quem foi Miss Vreeland? Vogue lhe diz algo? Ela é o diabo que vestia Prada. Captou?
Para Diana, a elegãncia vive apenas em pensamentos e também em alguns animais. As pessoas, raras, que conseguem refletir esses pensamentos e essa animalidade têm elegância. O livro as exibe.
As fotos são de Irving Penn, Richard Avedon e Cecil Beaton. São os três reis do glamour. Para os cinéfilos, lembro que Avedon foi feito por Fred Astaire em Funny Face ( filme que teve a consultoria visual do próprio Avedon ), e que o mais elegante filme da história, My Fair Lady, contou com a consultoria de Beaton ( além dos desenhos de figurinos e de cenários, feitos por Sir Cecil, único fotógrafo da história a ser nobilizado pela rainha ).
Vreeland diz que as fotos de Beaton parecem emitir luz, como se fosem pedras preciosas. Há uma foto de Audrey, feita por Cecil, que realmente emite luz. Uma fria luminosidade branca vinda da mão e do rosto de Audrey. Audrey que Diana chama de gazela, comparação que ficou famosa.
A maioria dos fotografados viveu seu apogeu entre os anos de 1930/ 1950. Alguns podem dizer que é saudosismo de Diana, digo que não é. E explico o porquê.
Tenho um gostoso saudosismo dos anos 70, mas sei muito bem que não foram anos de elegância. E nem do melhor cinema ou literatura. Foram anos de aventuras primais, de loucura adolescente, de exageros irresponsáveis e da melhor música pop. E é por isso que adoro os anos 70. Mas não foram elegantes. Pois bem, qualquer foto de rua, tirada em Londres, Milão ou New York, entre 1930 e 1965, mostra um glamour que não é fantasioso. Esse glamour se percebe na luz que emana dos postes, nos enormes automóveis, nas vitrines discretas e nas pessoas, com suas camisas engomadas, foulards, vestidos rodados e piteiras. Era uma vida mais lenta, mais posada, cuidada, e muito mais trabalhosa. Hoje se vestir é simples. Mesmo as marcas mais caras economizam em tecido, costura e detalhe; em 1950 havia uma profusão de cortes, pontos, tecidos e enfeites. Cabelos penteados, barbas bem feitas e calçadas para se flanar: elegãncia possível. Em 2011 vemos gordos de chinelos e bermudas sujas, mocinhas de shorts e cabelos desgrenhados e senhores de calça amassada e blusas "de marca" que não deveriam valer dois reais. Pagam quinhentos. ( Roupas simples e não-duráveis, que na verdade são sempre práticas, para que nos sobre tempo para a ação, o trabalho ).
Mas, lógico, estou falando das ruas de então e de agora. E ver Copacabana em 1958 é aula de glamour ( há um livro com fotos do jovem Pelé que é de chorar de prazer. O cara, até ele, era um dandy... hoje temos o "elegante" Neymar ). O jovem Tom Jobim chega a irritar de tão glamouroso.
No mundo da alta roda, os gurus da elegãncia atendiam pelos nomes de Audrey Hepburn, Cary Grant ou Fred Astaire. Audrey sempre se parece com um pensamento perfeito e irreal, Cary dá a sensação de ter acabado de sair do banho sempre, e Fred... bem, Fred não parece real, ele é como um elfo moderno. Hoje temos Lady Gaga, Justin Bieber e Chris Brown. Ah... e os cultores do passado, os muito fakes, tipo George Clooney ( que imita Cary Grant até no jeito de olhar, com o queixo para baixo e os olhos erguidos ), e uma infinidade de pseudo-Audreys.
Tempo de ciência não pode ser tempo de elegância. Não há cientista que pense em cor ou em estilo. Pensam em efeito final, jamais em trajeto. Gozo não é elegante, a elegância vive na sedução.
Acabei falando muito de roupa e de luz, mas voce sabe, esse glamour existe principalmente em atos, no modo de falar, no andar, naquele savoir faire e joie de vivre de quem sabe sempre onde está o melhor e o mais bonito. Na tal animalidade de gato, de cavalo, de pássaro ou de peixe. No belo pensamento transformado em movimento, em vida. Eis o glamour.
Para Diana, a elegãncia vive apenas em pensamentos e também em alguns animais. As pessoas, raras, que conseguem refletir esses pensamentos e essa animalidade têm elegância. O livro as exibe.
As fotos são de Irving Penn, Richard Avedon e Cecil Beaton. São os três reis do glamour. Para os cinéfilos, lembro que Avedon foi feito por Fred Astaire em Funny Face ( filme que teve a consultoria visual do próprio Avedon ), e que o mais elegante filme da história, My Fair Lady, contou com a consultoria de Beaton ( além dos desenhos de figurinos e de cenários, feitos por Sir Cecil, único fotógrafo da história a ser nobilizado pela rainha ).
Vreeland diz que as fotos de Beaton parecem emitir luz, como se fosem pedras preciosas. Há uma foto de Audrey, feita por Cecil, que realmente emite luz. Uma fria luminosidade branca vinda da mão e do rosto de Audrey. Audrey que Diana chama de gazela, comparação que ficou famosa.
A maioria dos fotografados viveu seu apogeu entre os anos de 1930/ 1950. Alguns podem dizer que é saudosismo de Diana, digo que não é. E explico o porquê.
Tenho um gostoso saudosismo dos anos 70, mas sei muito bem que não foram anos de elegância. E nem do melhor cinema ou literatura. Foram anos de aventuras primais, de loucura adolescente, de exageros irresponsáveis e da melhor música pop. E é por isso que adoro os anos 70. Mas não foram elegantes. Pois bem, qualquer foto de rua, tirada em Londres, Milão ou New York, entre 1930 e 1965, mostra um glamour que não é fantasioso. Esse glamour se percebe na luz que emana dos postes, nos enormes automóveis, nas vitrines discretas e nas pessoas, com suas camisas engomadas, foulards, vestidos rodados e piteiras. Era uma vida mais lenta, mais posada, cuidada, e muito mais trabalhosa. Hoje se vestir é simples. Mesmo as marcas mais caras economizam em tecido, costura e detalhe; em 1950 havia uma profusão de cortes, pontos, tecidos e enfeites. Cabelos penteados, barbas bem feitas e calçadas para se flanar: elegãncia possível. Em 2011 vemos gordos de chinelos e bermudas sujas, mocinhas de shorts e cabelos desgrenhados e senhores de calça amassada e blusas "de marca" que não deveriam valer dois reais. Pagam quinhentos. ( Roupas simples e não-duráveis, que na verdade são sempre práticas, para que nos sobre tempo para a ação, o trabalho ).
Mas, lógico, estou falando das ruas de então e de agora. E ver Copacabana em 1958 é aula de glamour ( há um livro com fotos do jovem Pelé que é de chorar de prazer. O cara, até ele, era um dandy... hoje temos o "elegante" Neymar ). O jovem Tom Jobim chega a irritar de tão glamouroso.
No mundo da alta roda, os gurus da elegãncia atendiam pelos nomes de Audrey Hepburn, Cary Grant ou Fred Astaire. Audrey sempre se parece com um pensamento perfeito e irreal, Cary dá a sensação de ter acabado de sair do banho sempre, e Fred... bem, Fred não parece real, ele é como um elfo moderno. Hoje temos Lady Gaga, Justin Bieber e Chris Brown. Ah... e os cultores do passado, os muito fakes, tipo George Clooney ( que imita Cary Grant até no jeito de olhar, com o queixo para baixo e os olhos erguidos ), e uma infinidade de pseudo-Audreys.
Tempo de ciência não pode ser tempo de elegância. Não há cientista que pense em cor ou em estilo. Pensam em efeito final, jamais em trajeto. Gozo não é elegante, a elegância vive na sedução.
Acabei falando muito de roupa e de luz, mas voce sabe, esse glamour existe principalmente em atos, no modo de falar, no andar, naquele savoir faire e joie de vivre de quem sabe sempre onde está o melhor e o mais bonito. Na tal animalidade de gato, de cavalo, de pássaro ou de peixe. No belo pensamento transformado em movimento, em vida. Eis o glamour.