A Zahar Editora lançou recentemente um pequeno livro de capa dura com as duas obras-primas de Lewis Carroll. Traz as ilustrações originais de John Tenniel e a tradução premiada de Maria Luiza Borges. Custa apenas 19,90 na Cultura. Comprem.
No País das Maravilhas é uma das leituras mais estimulantes da história. Livro inesgotável, tem várias leituras possíveis. Há quem o leia como um manual de sedução de menores. Leitura absurda na minha opinião. Outros o percebem como sátira a monarquia inglesa. Não é apenas isso. Tem gente que vê nele um nonsense digno do Monty Python. Jamais!!!! O livro de Carroll faz todo o sentido do mundo, nada é gratuito. Então o que é?
Prazer da escrita e felicidade da criatividade. Ler e reler e treler Alice é acima de tudo uma experiência feliz. Na loucura dos personagens ( todos fascinantes, alguns adoráveis ), e na esperteza de Alice há a faísca da vida em movimento, da inteligência humana em seu apogeu, da página fertilizada, do cérebro livre. Alice é uma sinfonia em favor da criatividade. Tim Burton errou por ver em Alice tintas de medo e de sonho ruim. Fez uma Alice Burtoniana, nada tem de Carroll.
Mas eu nunca havia lido Através do Espelho. Abri o livro ontem às 12hs. Não parei de ler até o terminar. Foi uma das melhores experiências que já vivenciei em leitura. Voce entra no livro e não quer sair. É um novelo de lã que te absorve, é um desfile de personagens fascinantes, um pesadelo que vira poema e volta a ser pesadelo, um enigma todo centrado no jogo de xadrez.
Alice vai das estripulias de seu gato até as peças do xadrez, passa por campos e sentidos inversos, encontra monstros e cavaleiros inventores e ao final não sabe se sonhou aquilo ou se ela "é o sonho de seu gato". Tudo cabe nesse livro que é ao mesmo tempo de um racionalismo perfeito e obra cheia de simbolismo místico. Mas acima de tudo é um prazer inenarrável, uma leitura fascinante, divertida, rica, e que ao final dá uma sensação de "abertura", de liberdade de pensamento.
Concordo com Harold Bloom, Carroll é tão grande quanto Gogol ou Balzac, Eliot ou Conrad. Com uma diferença, Carroll é mais divertido.
Lewis Carroll foi professor de matemática em Oxford. Alice foi criada para suas amigas de 11 anos de idade. Há controvérsias sobre a veracidade da pedofilia de Carroll. O mais provável é que tudo ficou no platonismo puro. De qualquer forma reduzir o gênio de Carroll a um caso de tara sexual é reduzir a arte a doença. Alice é uma obra-prima, um monumento a criatividade humana. E com esses dois livros Lewis Carroll vive enquanto viver nossa cultura.
No País das Maravilhas é uma das leituras mais estimulantes da história. Livro inesgotável, tem várias leituras possíveis. Há quem o leia como um manual de sedução de menores. Leitura absurda na minha opinião. Outros o percebem como sátira a monarquia inglesa. Não é apenas isso. Tem gente que vê nele um nonsense digno do Monty Python. Jamais!!!! O livro de Carroll faz todo o sentido do mundo, nada é gratuito. Então o que é?
Prazer da escrita e felicidade da criatividade. Ler e reler e treler Alice é acima de tudo uma experiência feliz. Na loucura dos personagens ( todos fascinantes, alguns adoráveis ), e na esperteza de Alice há a faísca da vida em movimento, da inteligência humana em seu apogeu, da página fertilizada, do cérebro livre. Alice é uma sinfonia em favor da criatividade. Tim Burton errou por ver em Alice tintas de medo e de sonho ruim. Fez uma Alice Burtoniana, nada tem de Carroll.
Mas eu nunca havia lido Através do Espelho. Abri o livro ontem às 12hs. Não parei de ler até o terminar. Foi uma das melhores experiências que já vivenciei em leitura. Voce entra no livro e não quer sair. É um novelo de lã que te absorve, é um desfile de personagens fascinantes, um pesadelo que vira poema e volta a ser pesadelo, um enigma todo centrado no jogo de xadrez.
Alice vai das estripulias de seu gato até as peças do xadrez, passa por campos e sentidos inversos, encontra monstros e cavaleiros inventores e ao final não sabe se sonhou aquilo ou se ela "é o sonho de seu gato". Tudo cabe nesse livro que é ao mesmo tempo de um racionalismo perfeito e obra cheia de simbolismo místico. Mas acima de tudo é um prazer inenarrável, uma leitura fascinante, divertida, rica, e que ao final dá uma sensação de "abertura", de liberdade de pensamento.
Concordo com Harold Bloom, Carroll é tão grande quanto Gogol ou Balzac, Eliot ou Conrad. Com uma diferença, Carroll é mais divertido.
Lewis Carroll foi professor de matemática em Oxford. Alice foi criada para suas amigas de 11 anos de idade. Há controvérsias sobre a veracidade da pedofilia de Carroll. O mais provável é que tudo ficou no platonismo puro. De qualquer forma reduzir o gênio de Carroll a um caso de tara sexual é reduzir a arte a doença. Alice é uma obra-prima, um monumento a criatividade humana. E com esses dois livros Lewis Carroll vive enquanto viver nossa cultura.