A SEGUNDA MELHOR ATRIZ, ELIZABETH TAYLOR JAMAIS MORREU

Desde a segunda guerra que Elizabeth Taylor é uma estrela. Na época estrela infantil, mas sempre com brilho majestoso. É muito tempo! Ela conseguiu fazer a transição de estrela infantil para estrela adulta sem jamais perder o status. Foi, e é, uma sobrevivente.
Meu pai a achava a mais bela mulher do mundo. Em alguns filmes ela faz justiça a esse título, em outros não. Nesses, onde ela se mostra gorda, deselegante, humana, ela é a segunda maior atriz de lingua inglesa da história do cinema. Melhor que Bette Davis. Perdendo só para Kate Hepburn ( perder para Kate é uma honra ). A segunda melhor na média, porque é de Taylor a melhor atuação que já vi: QUEM TEM MEDO DE VIRGINIA WOLLF, de Mike Nichols, com Burton. O que ela faz nesse filme é inesquecível. Um milagre de voz, rosto e gestos. Coisa de deusa.
Desde criança eu ouço falar nela. Como Garbo, Dietrich, Marilyn, Sophia e Bardot, Elizabeth Taylor é um dos raros nomes que qualquer peão conhece. O cara pode jamais ter visto um filme na vida, mas já escutou esses nomes em algum lugar. De todas elas Liz era a única que realmente sabia interpretar.
Richard Burton foi sua grande paixão. Casaram-se e divorciaram-se um monte de vezes. Eram um exemplo tão ruim de comportamento que o papa Paulo VI chegou a os excomungar. Ele foi o veneno dela. Burton, gênio de ator, era auto-destrutivo. Destruiu sua carreira, sua saúde, sua beleza e quase que a destruiu. Álcool e deprê. Mas o grande amor de Liz foi Mike Todd, produtor gastador que vivia como um rei e morreu muito jovem. Burton veio depois. E o mundo falava deles como depois se falaria de Lady Di, Madonna e de.... Michael Jackson.
Jackson foi o negativo de Liz. Ele não foi feliz na mudança de criança estrela para adulto estrela. MJ continuou preso em Neverland. Até morrer. Como Diana Ross, Liz foi sua babá. Magnífica babá.
Uma pena Elizabeth Taylor ter parado de filmar tão cedo. Ou talvez não. Seria grotesco vê-la em telas tão chinfrim. Assim como Audrey e Ingrid Bergman, o cinema caipira não a comporta em seu mundo ( Taylor em filmes de Clint, Scorsese ou Tarantino seria ridiculo ).
Elizabeth Taylor não morreu neste mês e nem em mês nenhum. Estrelas desse tamanho parecem ter surgido do nada, parecem nunca ter nascido. E aqueles que não nascem não podem morrer. Se ela jamais foi uma criança de escola, se ela nunca soube o que é ser "comum", então ela nunca foi vulgar, banal, humana como todos nós. E esse é o mistério que define a estrela, ela não existe em nossa dimensão. Não vive a vida que vivemos. E não pode morrer a morte que morreremos. Liz é eterna então.