ROBINSON CRUSOE- DANIEL DEFOE

Inglaterra do começo da revolução industrial, nasce o livro como o conhecemos. Não mais texto para monges, para estudiosos, para nobres colecionadores. Não mais religião, epopéias míticas, poemas heróicos; agora são romances e poemas sobre o coração. Livros, agora vendidos aos montes, em lojas, em livrarias. O primeiro best-seller pode ser Crusoe ( ou Tom Jones, ou Clarissa, ou Gulliver ). E, ao contrário dos best-sellers de hoje, Robinson é para sempre.
Voce pensa ser ele infantil, voce pensa que o conhece, mas assim como Gulliver, Crusoe é adulto, e é muito mais que a simples história de náufrago e selvagem. Robinson Crusoe é uma critica a sociedade, é o medo da industrialização, mas é acima de tudo, um elogio ao engenho do homem, ode a criatividade.
É delicioso lê-lo. Há genuíno maravilhamento. Voce sente o retorno do encanto dos primeiros livros lidos. Quando, então, abrir um livro era viajar para longe. ( Meus primeiros foram A ILHA DO TESOURO, TOM SAWYER, O CONDE DE MONTE CRISTO e CARLOS MAGNO, Stevenson, Twain e Dumas... nada mal ). Voltando: tudo o que Crusoe faz e vê na ilha, nós vemos, e além disso sentimos a vida que ele vive lá. Após o desespero da solidão e da fome, a constatação: eis a aventura de viver! Quando Crusoe volta a Inglaterra, sua readaptação é impossível. A dor maior é ter perdido sua ilha.
Daniel Defoe viveu de letras. E essa é a maior das revoluções. Na Inglaterra de seu tempo ( século xviii ) já existia uma realidade que nós aqui ainda tentamos criar. Ele foi jornalista e romancista, contista e editor, ele foi imenso talento. Robinson Crusoe merece sua fama? Claro que sim! Pois ele é absoluto prazer, jóia de invenção e libelo por boas causas. É uma obra-prima.