ANCESTRALIDADE, OPS!

Um amigo ( que sempre que escreve sei que é para apontar um erro. O que é muito bem vindo ), aponta um cochilo que dei no texto abaixo. E assumo o mea culpa.
Errei de palavra! Quando digo que Freud cria sua teoria como forma de sublimar sua briga com o pai me empolgo e solto uma bobice: a de que ele negou seus ancestrais. A palavra ancestral deveria ter sido substituida por sangue.
Freud além de Totem e Tabu é o cara que revitalizou Sofocles ( Edipo ). Mas o que desejei dizer ( e não deixei claro ) é que ele tenta todo o tempo resolver seu mal estar diante de seu passado próximo ( pai e judaísmo ) abstraindo-se em ancestralidade distante ( válida, necessária, porém, menos dolorida ).
A primeira vez em que estive na terra de meus ancestrais ( norte de Portugal ), aceitei e passei a amar meus avós. Senti o orgulho de ser neto deles. Revivi uma coisa meio celta, meio árabe, meio visigoda que há naquela região. Mas jamais consegui aceitar ( quem dirá amar ) a herança mais imediata, a herança lusitana e o amor de meu pai e minha mãe.
Me é muito mais simples amar um cavaleiro medieval de 1300 nascido lá, que o homem que se chamou Manoel e foi meu pai.
Assim como é mais fácil me assumir gnóstico-budista-ateu, que um mero católico em dúvida.
Penso que o genial e corajoso Sigmund ( que foi figura importantíssima em minha vida ) fez, como bom neurótico, esse desvio. Colecionou objetos do Egito antigo e sonhou com gregos e romanos, mas jamais resolveu seu impasse com pai, mãe e sinagoga. Negou uma raiz substituindo-a por outra.