E toda a alegria vem dessa coisa de termos alguém a nosso lado. O que falo ele entende e na verdade pouco falamos, rimos e corremos pela vida afora. Amizade. Dos 16/18 anos....
Minha maior saudade não é de alguma menina que amei ou de alguma mulher com quem estive. É desse amigo. E pouco me importa se há aqui algo de homossexualismo latente, de repressão ou de sublimação. À merda com isso! Minha saudade dolorida é desse amigo e este filme me fez, feliz, recordar essa amizade. Absolutamente irracional, infantil, tola, sincera.
Aos 16 anos é o coração, e só ele, que guia essa amizade. Eu o encontrava na escola, ele vinha todos os dias aqui em casa. Eu estava apaixonado pela menina que amava à ele. E ele amava a menina que queria a mim. Mas tudo isso não tinha a menor importância. Ele torcia pelo Botafogo. Eu era Flamengo. Que importa? Em sua casa só se escutava samba e soul music. E eu ouvia rock e jazz. Mas o coração ria e ria e ria.
Andar de ônibus era uma festa, ir ao cinema uma revolução. O conhecimento da alegria absoluta e da cumplicidade total. Correr pelas ruas de Pinheiros, matar aulas, jogar bola, tomar Fanta com sorvete de côco, dançar em festas nas quais ninguém dançava. Um amigo. Um amigo.
Mas o tempo, esse inimigo maldito, mata essa amizade. Ela não cabe no mundo sem coração da vida adulta. O que nos guia então é o cérebro. Começamos a não ter tempo, a achar ridícula aquela relação, a querer "mais". Mais o que?
Vejo esse filme sem nenhuma expectativa. México. País que é a coisa mais esquisita do planeta. Nação de morte. Brasil ainda mais exagerado. Espanholadamente viril e mortal. Pré-historicamente assustador. No rosto de cada camponês mexicano voce vê um rosto aturdido e ancestral. O filme viaja pelo México. É on the road. Os dois amigos e uma mulher. Nada do que ocorre é inesperado. Mas tudo é certo. É exatamente assim. Vemos a tolice da adolescência. A classe média dos personagens que não quer ver a miséria do país real. A morte em toda esquina. O tempo.
Os dois atores fazem milagres. A amizade verdadeira está toda lá. Exatamente como eu a tive. Exatamente como ela deve se ir. Os atores ( Diego Luna, Gael Bernal ) conseguem algo de muito precioso: passam a alegria de viver. O filme é sim um poema.
Nunca mais ví esse amigo. Ele foi ser militar no Rio, eu montei uma triste banda de rock. Um telefonema e um convite para eu ir o visitar. Ficou por aí. O mundo real me chamava.
Mas é a saudade maior, a mais radiante alegria, o mais verdadeiro dos sorrisos. Ter um amigo aos 16/18 anos. Nada pode ser mais importante. É para sempre, mesmo que esqueçamos.
E agora, escrevendo isto, penso e sinto pena de Lennon e MacCartney, de Jagger e Richards. De todos aqueles que amaram seus amigos adolescentes e que deles se perderam ao ficar adultos. Estrada inevitável eu sei. Caminho rumo à maturidade, entendo. Mas que puta de merda!!!!!!
Minha maior saudade não é de alguma menina que amei ou de alguma mulher com quem estive. É desse amigo. E pouco me importa se há aqui algo de homossexualismo latente, de repressão ou de sublimação. À merda com isso! Minha saudade dolorida é desse amigo e este filme me fez, feliz, recordar essa amizade. Absolutamente irracional, infantil, tola, sincera.
Aos 16 anos é o coração, e só ele, que guia essa amizade. Eu o encontrava na escola, ele vinha todos os dias aqui em casa. Eu estava apaixonado pela menina que amava à ele. E ele amava a menina que queria a mim. Mas tudo isso não tinha a menor importância. Ele torcia pelo Botafogo. Eu era Flamengo. Que importa? Em sua casa só se escutava samba e soul music. E eu ouvia rock e jazz. Mas o coração ria e ria e ria.
Andar de ônibus era uma festa, ir ao cinema uma revolução. O conhecimento da alegria absoluta e da cumplicidade total. Correr pelas ruas de Pinheiros, matar aulas, jogar bola, tomar Fanta com sorvete de côco, dançar em festas nas quais ninguém dançava. Um amigo. Um amigo.
Mas o tempo, esse inimigo maldito, mata essa amizade. Ela não cabe no mundo sem coração da vida adulta. O que nos guia então é o cérebro. Começamos a não ter tempo, a achar ridícula aquela relação, a querer "mais". Mais o que?
Vejo esse filme sem nenhuma expectativa. México. País que é a coisa mais esquisita do planeta. Nação de morte. Brasil ainda mais exagerado. Espanholadamente viril e mortal. Pré-historicamente assustador. No rosto de cada camponês mexicano voce vê um rosto aturdido e ancestral. O filme viaja pelo México. É on the road. Os dois amigos e uma mulher. Nada do que ocorre é inesperado. Mas tudo é certo. É exatamente assim. Vemos a tolice da adolescência. A classe média dos personagens que não quer ver a miséria do país real. A morte em toda esquina. O tempo.
Os dois atores fazem milagres. A amizade verdadeira está toda lá. Exatamente como eu a tive. Exatamente como ela deve se ir. Os atores ( Diego Luna, Gael Bernal ) conseguem algo de muito precioso: passam a alegria de viver. O filme é sim um poema.
Nunca mais ví esse amigo. Ele foi ser militar no Rio, eu montei uma triste banda de rock. Um telefonema e um convite para eu ir o visitar. Ficou por aí. O mundo real me chamava.
Mas é a saudade maior, a mais radiante alegria, o mais verdadeiro dos sorrisos. Ter um amigo aos 16/18 anos. Nada pode ser mais importante. É para sempre, mesmo que esqueçamos.
E agora, escrevendo isto, penso e sinto pena de Lennon e MacCartney, de Jagger e Richards. De todos aqueles que amaram seus amigos adolescentes e que deles se perderam ao ficar adultos. Estrada inevitável eu sei. Caminho rumo à maturidade, entendo. Mas que puta de merda!!!!!!