O LIVRO DOS INSULTOS DE H.L. MENCKEN

Tudo o que sei devo a Paulo Francis. Ele me apresentou ao mundo que vale a pena seguir e ao que deve-se abominar.
H L Mencken foi o Francis americano. Um jornalista que escrevia sobre o que lhe desse na telha. E é prova do quanto "devoluímos" o fato de que um texto tão subversivo fosse o mais lido pelo americano de 1920. Procure O LIVRO DOS INSULTOS DE MENCKEN na tradução de Ruy Castro ( outro Menckeniano ) em sebos. É da Companhia das Letras e foi editado em 1990.
A crença primeira de Mencken era a de que todo autor que valha alguma coisa está eternamente irritado com seu tempo e seu país. A segunda era a de que nada podia ser pior que um caipira americano. Talvez apenas um snob inglês. Poe, Conrad, Twain e Tolstoi eram seus autores favoritos. Dostoievski, Heminguay, Lawrence e Ibsen eram os que ele fustigava.
Mencken não via qualquer valor em pintura. Para ele, o homem pré-histórico já pintava bem, o que prova que a pintura não requer dom ou inteligência. Pode-se pintar conversando. A música era a arte suprema. Para o homem chegar à Beethoven e Brahms foi preciso toda uma evolução, educação, luta, superação. A literatura vem logo em seguida. Primitivos não escrevem como Joseph Conrad.
O teatro e o cinema, por serem feitos por muitos para muitos, sempre serão guiados pelo gosto comum. Não existe cinema ou teatro individualista, eles serão eternamente circo. Vulgares. Música e literatura é a voz de um para um. Mesmo se numa multidão.
Mencken não dava muito valor a poesia. Dizia que uma criança pode fazer boa poesia. A prosa vale muito mais, pois na prosa não há disfarce, não há véu ou fantasia, ou se escreve bem, ou não se escreve.
Mas não pense que Mencken fala só de literatura. Fala de boxe, sexo, religião, política e até sobre telefones. Sempre com doses imensas de humor e de verdade.
Todo homem decente se envergonha sempre do governo sob o qual vive.
A fé pode ser definida como a crença ilógica na ocorrência do improvável.
Pelo menos numa coisa homens e mulheres concordam : nenhum deles confia em mulheres.
Nada é mais fatal a paixão que a monogamia. E a paixão é o maior inimigo da civilização.
Todo artista é um mosca-morta, o patriota é um covarde, o corajoso é uma besta, o intelectual sofre do fígado e não salta sobre uma agulha... e é sobre isso que querem que o universo gire.
A mulher vê o homem como ele é, alguém que quer acreditar naquilo que ele gostaria de ser.
Um pastor : um bestalhão tentando provar que é melhor teólogo que o papa.
Igreja latina : não é um silogismo, é um poema. Nada significa grande coisa, o que vale é a beleza das palavras.
Toda a civilização foi fundada sobre a covardia humana. Um bando de molengas se unia atrás de muros e dava as armas e o poder para outros menos covardes, que lutavam por eles. Esses menos covardes roubavam as terras dos muito covardes. Eis a origem da nobresa e da história.
Todas essas são frases de Mencken. Penso no que ele escreveria sobre Bush, Twitter, Putin, Terrorismo e TV. Ler esse americano é dose bem vinda de liberdade de pensamento, de humor e de arrojo.
Procure.