FILMES DE CRÍTICOS/ FILMES DE NÃO CRÍTICOS/

UM OLHAR A CADA DIA de Theo Angelopoulos com Harvey Keitel e Erland Josephson
Este diretor grego é rei de festivais e de críticos chatos. O que leva alguém a nos obrigar a assistir seu vômito, sua sessão de psicanálise, seu umbigo ? Alguém deveria ensinar Theo a filmar. Ele não sabe enquadrar, não sabe editar e não dirige os atores. Quando Sokurov faz um filme sem cortes existe uma compensação. Sokurov faz a câmera fluir, os atores andarem, a fotografia seduzir. Theo não corta e não apresenta nada. Ver suas longas cenas é como olhar um relógio. Os atores ( e Keitel precisa sempre ser dirigido ) ficam jogados em cena, não sabem o que fazer e como falar. Há uma cena em trem que é das coisas mais patéticas já vistas. Quando surge Josephson ao final, ator de gênio, surge o único sopro de vida nessa patetice.
Do que trata esta coisa ? Da busca de sentido ? Do tempo ? Da guerra ? Bem, voce pode ver o que quiser nele. Na verdade trata do buraco em que se meteu o cinema de arte. Masturbação.
Pessoas ao tentarem ver este filme irão pensar que todo filme "de crítico" é assim. Irão jogar isto no mesmo saco que Bergman ou Fellini. E isso é um crime ! Bergman sabia cortar, enquadrar e dirigir atores, Fellini também. Mas Theo faz aquele tipo de engana trouxa em que a falta de técnica é chamada de arte original. Como fazem tantos outros.
Eu realmente odiei este filme porque ele faz mal ao cinema. Afasta o novo público dos filmes diferentes, trai o próprio cinema. Quem nunca viu um Antonioni ou um Murnau irá fugir de todo filme "de crítico" pelo resto da vida. E isso é uma pena.... Theo infla preconceitos. Não dou nota.
LUZ DE INVERNO de Ingmar Bergman com Gunnar Bjornstrand, Ingrid Thulin e Max Von Sydow
Um padre perde sua fé. Sem conseguir ajudar um homem em crise ( que se mata ), ele foge de mulher que o ama. Ao final, ele celebra missa, como no começo do filme. Trata-se de uma fita feita por Bergman para sí mesmo. É o mesmo tipo de filme-umbigo e psicanálitico de Angelopoulos. Mas, ao contrário do grego, Bergman, gênio que é, sabe fazer um filme. Há narração, ritmo, fotografia cuidada e principalmente atores muito bem dirigidos. É um dos filmes mais dificeis do sueco, ele transpira pessimismo. Nota 7.
QUÊ ? de Roman Polanski com Marcello Mastroianni e Sydne Rome
E Roman faz sua versão de ALICE. No caso, ela é uma hippie bonita que todos querem traçar. O filme todo se passa numa mansão a beira do Mediterrâneo ( um paraíso de sol e saúde ) onde vivem pessoas excêntricas. Marcello faz um tipo de gigolô doentio, e há mulheres nuas, tarados, marinheiros e velho quase-morto. Polanski faz um tipinho asqueroso que só quer roubar e estuprar. É um filme falho. Sem graça para ser comédia, pouco inspirado. Mas seduz o modo livre como Polanski filma, uma ALICE de tempos doidos e sem rumo. Pelo menos o libertarismo de Lewis Carroll é respeitado. Nota 6.
FALLEN ANGEL de Otto Preminger com Dana Andrews, Alice Faye e Linda Darnell
É um alivio encontrar o cinema narrativo americano. Pegar uma câmera e contar uma história. Tentar ser um bom diretor com bons atores, não um "artista". Este é um noir que fala de golpes do baú e de crime. A história é completamente inverossímil, mas quem liga ? O que importa é que ficamos lá, entretidos e até torcendo. Após Theo Angelopoulos é como achar água no deserto. Nota 7.
PSYCOSÍSSIMO de Steno com Ugo Tognazzi e Raimondo Vianello
A comédia italiana...Ugo já foi meu ator favorito !!!! Que bom que resolveram lançar algumas despretensiosas comédias da Itália. Esta fala de dupla de atores fracassados que se envolvem em crime. O filme começa meio devagar, mas vai crecendo e diverte. O humor criado aqui é aquele de Golias, Renato Aragão, Costinha, uma delícia infantil. O que aconteceu com o cinema italiano ? Eles faziam de tudo : cinema de gênio, comédias populares e até westerns ! Onde se perderam ? Ugo Tognazzi era tão popular quanto Paul Newman ou Dustin Hoffman, faziam-se filas para ver seus filmes ( como os de Totó, Alberto Sordi e Lando Buzzanca ). Nota 6.
SUA ÚNICA SAÍDA de Raoul Walsh com Robert Mitchum e Teresa Wright
Estava tentando encontrar uma palavra para definir o rosto de Mitchum : insolente. Este western esquisito, fotografado pelo mestre James Wong Howe, é uma mistura de tragédia, filme noir e cowboys. Cheio de sombras, rochas e clima asfixiante, me pareceu uma empreitada ambiciosa demais. O western é melhor quando mais simples. Walsh era chamado de gênio pelos franceses. Nunca foi. O filme se deixa ver. Nota 7.