CATHERINE

Folha, segunda, 20 de julho.
Coluna de Luiz Felipe Pondé. Nome: Catherine.
LEIAM. Leiam e releiam. Ele radiografou minha alma. Meu desejo, meu orgulho, meu mal. Tudo está naquele texto. Existe um espírito que rege uma época. Uma afinidade entre descontentes. Luiz Felipe radiografa esse momento. Me radiografa. Em cheio.
" Não esqueça, caro leitor, que o romântico não é propriamente um idiota nostálgico, o romântico é um sobrevivente, sente-se como uma espécie caçada, um mutante nascido em ambiente hostil. Esse tipo é mais perigoso que você, que ri tranquilo, cercado pela crença boçal de que o mundo seja seu."
"Os melhores entre eles aprenderam a dissimular as lágrimas, mudar de assunto, fazer uma piada inteligente, fechar a porta do quarto. Quem se sabe derrotado desde o início, detém uma forma de poder invisível que o torna perigoso, justamente por não combater pela vitória."
"Resistir é nesta alma sua primeira natureza. Talvez combatam porque esta seja a natureza de quem nasceu num mundo que não é seu ou porque não conheçam outra forma de se comportar num mundo onde não há esperanças para suas almas. Todo cuidado é pouco diante de quem não tem nenhuma expectativa."
"O desencanto do romantismo é uma forma de inteligência sem função. O romântico é uma espécie de contradição insolúvel no progresso definitivo da vida calculada. São caçados como praga. E com razão: são inimigos de uma vida perfeita. Diante deles, babamos como predadores esfomeados."
"O desafio de um romântico é aprender a lidar com suas sensações num mundo onde elas significam nada."
"Ao encontrá-lo devemos ter por ele o respeito que merecem as espécies em extinção."
" A alma romântica habitando um corpo moderno enfrentará o mundo devastado pela arrogãncia idiota dos modernos, pela objetividade morta da ciência, pelo niilismo do dinheiro, pela certeza cética da inutilidade da verdade. Em uma palavra, será uma exilada."
"Todavia, não se engane o leitor que gargalha em seu sofá cercado pela vitória definitiva da arrogância adolescente idiota, da inércia burocrática, da objetividade do dinheiro, do cinismo histriônico e do ceticismo chique. Românticos aprendem a falar a língua do mundo banal. Se o encontrar num desses jantares inteligentes, o confundirá com um pós-moderno cínico. Ele irá rir do amor, defenderá bebês feitos pela indústria farmacêutica, afirmará a vitória do relativismo elegante. Ele manipulará o código da vida devassa. Pois para ele sua vida é a vida de vermes a que ele observa."
Tudo que posso dizer sobre este texto é : BINGO!!!!!!