Falar o que sobre Greene? Basta dizer que ainda hoje ele é reeditado e adaptado para cinema. Greene, que escreveu muito, foi, pela maior parte do século vinte, centro da escrita britânica e candidato mais forte e natural ao Nobel. Morreu sem levar o laurel, mas permanece, ao contrário de Patrick White, Carl Spitteler ou Ivo Andric, todos ganhadores das atenções dos suecos.
Greene, consciente e deliberadamente, escrevia dois tipos de livros : os de puro entretenimento e os ditos sérios. Não me agradam os sérios, dos quais o mais famoso é Fim de Caso, levado ao cinema ( mal ) por Neil Jordan. O livro trata da culpa e de catolicismo, temas recorrentes dos livros sérios do autor. Já seus trabalhos de diversão tratam de espionagem, política e poder. Nosso Homem em Havana é um dos melhores textos escritos em qualquer tempo a satirizar as agências de espionagem, de contra-espionagem e seus códigos secretos.
Um funcionário inglês, na Cuba pré-Castro, consegue um emprego numa agência governamental. Ele adora o trabalho onde nada precisa ser feito. Mas um dia, resolve justificar seu salário e manda um relatório para Londres. Que é levado muito a sério...
Humor, acidez, muita ironia, sarcasmo e um maravilhoso dom de descrição de tipos humanos e lugares exóticos. Greene nos conduz por páginas de excitação, de diálogos ágeis, ritmados e com um final absolutamente genial. Leia, releia.
Este livro foi filmado em 1960 por Carol Reed com Alec Guiness. Um desastre! Greene foi, além de escritor importante, grande crítico de cinema e roteirista de um dos melhores Hitchcock. Um mestre em tudo que fez.