MACHINHO E FEMEÃO, UMA COMÉDIA

Quadris largos para parir e seios grandes para amamentar. Fartos e brilhantes cabelos como um sinal de boa saúde. Todos sabemos que aquilo que nos atrai sexualmente, nada mais é que um convite à reprodução. Como seres pré-históricos, animais-que somos, o instinto´de permanência através da prole, nos domina. Para as mulheres, a atração está no homem que possa garantir proteção durante a gravidez, alimentação para os filhos e tenha algo a ensinar para os herdeiros. Quando uma mulher sente atração pelo bacana de Ferrari, sua atração é pela segurança e habilidade que o veículo promete, nunca pela beleza do metal vermelho.
Mas a década da crise ( 60/70 ) mudou isso, e não digo que foi para pior, apenas nos deixou mais ansiosos. Até então, o homem desejava, a mulher fingia não querer. Era a união do querer com o ser desejado. Ao homem competia flertar e conquistar, a mulher, observar e se exibir. Um conquistava demonstrando decisão, inteligência e poder; a outra, beleza, charme e feminilidade.
Quando o soldado volta de cinco anos de guerra ( 1945 ), é dado o primeiro sinal : o mundo funcionou muito bem sem ele. As suas mulherzinhas fizeram tudo aquilo que eles faziam, e bem. Elas percebem isso, e se preparam para sair da casca. A partir de 1960, o mercado lança com grande alvoroço, uma idéia, que hoje parece óbvia, mas não era : nada vende mais que aquilo que faz o comprador sentir-se "único". Ninguém mais quer o que todos querem, voce tem a ilusão de querer aquilo que só voce conhece. A mulher é esse produto misterioso e novo, ela vende e compra a idéia de mistério, de novidade, de coragem. Ela manda.
Vem o absurdo : o homem não é mais o provedor único. Não é mais o conquistador único. A mulher tem tesão, ela deseja! O que fazer ? Se ela me deseja, preciso ser desejável. O que é desejável ? A mulher é desejável. Então, para ser desejável, usarei as armas da mulher : me torno feminino. Cômica tragédia: iludido, o homem tenta atrair fêmeas usando cremes, depilações, torneando o corpo, fazendo pose. Atrai outros homens, e todos passam a entender cada vez menos a mulher. O homem se descobre, e, narciso, fica se admirando no espelho e sendo admirado pelos amigos, que querem ser também como ele : o desejável. Para quem?
A mulher, livre para ser e para ter, exibindo o tesão livremente, perde como referencia o provedor. Em seu consciente, ela deseja um novo homem para uma nova mulher. Porém, ela, mais que ninguém, não faz a menor idéia do que seja esse novo homem. Olha ao redor e tudo que vê são pavões se pavoneando, ou faLsoso machos assustados. Erro fatal, ela passa a fazer tudo aquilo que condenava no homem : amantes descartáveis e jovens. Vazio. Seu instinto pede que seu companheiro lhe seja admirável e seguro, em vez disso ela obtèm um machinho-feminino
Homens no espelho/ mulheres no trabalho. Onde nosso modelo??????
Ps. Agradeço a Cotardo Calligaris pela inspiração.