THEIR SATANIC MAJESTIES REQUEST
eu tinha 16 e me escondia na biblioteca do mackenzie. e tentava e conseguia ser o mais louco possível numa época em que todo mundo queria ser o mais louco possível e esse possível era bem louco. aninha me mostrava a calcinha de algodão branco mas não me deixava tocar sua pele e ela tinha espinhas na cara e sardas e era loura e quase muda e jogava bola com os meninos. ela ria. encontrei satanic numa loja da teodoro sampaio que não existe mais e na rua não existiam camelôs, existia espaço. escutei satanic numa sala gelada, pela janela o sol era frio e minha garganta doía e eu tinha febre e dor nos ossos. o cheiro era de vick-vaporub. eu fechei os olhos...................................................o mais profundo acorde de piano. vindo do mais profundo miligrama do sangue coagulado de meu ser. quando os metais ecoam eu já morri. sing this all together. faixas sobrepostas de realidades comunicantes. o martelar de ondas de mares amarelos e a perdida guitarra vagueia no vazio absoluto interestelar. percussão vagabunda sem ritmo conhecido e vocal de apartamentos cheios de hashish. o convite é feito: enlouqueça comigo. yes. citadel. faíscas lunares pipocam em meio a lsd de flashs em technicolor medieval. o riff das guitarras tem cheiro de demonios, hipnóticos tabletes de estrelas falecidas. enlouqueço e me apaixono perigosamente. o volume é máximo e a bateria faz ecos dentro da super-consciencia e festeja o meu sexo. in another land. afogado no oceano de sereias hermafroditas. passeando num bosque de desejos tortos, a voz guia um cego entre penas de pavão albino. minhas lágrimas são tolices prazerosas. arrancam meus nervos e dados ao corvo e a rosa. tudo zomba e rí. brian jones respira e eu sou ele. 2000 man correm pelas ruas da londres vazia e encontram 4000 buracos entre rochas de espuma. sing this all again. fazemos tolices copulamos e engolimos e jogamos fora e vomitamos e rimos. um ritual bobo. she's a rainbow. sublime na vulcânica lava. uma virgindade cheia de maldade. satânicos anjos. the lantern. meus eus penetram entre páginas de yeats e eliot e encontram o pecado divino e a paz. um violão keithsiano que aspira fumaça de hashishs exorbitantes e uma guitarra que urina luz azul alucinada e ácido de destino. eu já pirei e inexisto. vivo entre frases e riffs. flores mortas em luzes mortas. mick me guia entre gala´xias ilusórias. gomper. eu. pássaro.2000 light yeaes from home. entende? atingí o ponto. eu não conheço e não sou. tudo é vazio, ausencia. absoluto feliz. livre. rosotos de bilhôes de corpos. faces perdidas. não tenho idade, nem função, sou um vazio sim. on with the show. apresento a volta de tudo que foi visto. tudo que vivi e acabei de dizer É UMA GRANDE BOBAGEM. mas talvez bobagens façam a vida valer. o show recomeça como farsa. o show é no teatro e teatro é mentira. mas onde termina o palco? o show é satanico. tudo é inferno. este disco é do mal. e nestes muitos anos EU SEMPRE RETORNO QUANDO O AMOR RETORNA.